Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – A força-tarefa Vale do Javari, coordenada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), deve terminar no dia 30 de agosto, mas parte da equipe de 26 pessoas permanecerá na área indígena até o dia 10 de setembro, para atuar no combate à malária em território peruano. Em uma margem do rio Jaquirana vivem cerca de mil indígenas Marubo, em Atalaia do Norte, Amazonas. Do outro lado do rio, onde moram aproximadamente 3 mil indígenas, já é o Peru.
"Existe o trânsito dos indígenas na parte comercial e também de parentesco. Para eles e para o mosquito trasmissor, não há fronteiras", afirmou Paulo de Oliveira, chefe da força-tarefa. Ele explicou que o governo peruano vai arcar com os custos de alimentação e alojamento da equipe, que realizará busca ativa e tratamento da malária, termonebulização e aplicação interna nas malocas (aspersão do veneno que mata e espanta os mosquitos vetores).
Participam também da força-tarefa a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), órgão estadual, o Exército Brasileiro e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
"Os trabalhadores colombianos vão ao Vale do Javari e se contaminam. O local é foco de transmissão da malária e o maior problema é a região peruana. Eles têm dificuldades com tratamento, diagnóstico e controle da doença", afirmou Ligia del Pilar Perez, coordenadora de Malária e Outras Doenças Transmitidas por Vetor da Secretaria de Saúde Departamental do Amazonas (distrito colombiano vizinho ao Amazonas brasileiro).
Ligia del Pilar Perez participou de uma reunião no escritório da Funasa em Tabatinga, na semana passada, na qual conversou com Paulo de Oliveira sobre medidas de longo prazo que ajudem no combate à malária na região do Vale do Javari.
"A Colômbia, Peru, Venezuela e Equador fazem parte da comunidade andina, que possui verba da Opas (Organização PanAmericana de Saúde) para combater a malária em regiões de fronteira. Creio que a gente deveria orientar esses investimentos para a zona do Vale do Javari", defendeu ela.
A Funasa e o governo colombiano planejam marcar uma reunião com representantes do governo peruano, da Opas e de outros órgãos brasileiros envolvidos no combate à malária –como a FVS e a prefeitura de Atalaia do Norte – para tentar operacionalizar essa proposta.