Força-tarefa coordenada pela Funasa reduz para um caso incidência de malária no Vale do Javari

23/08/2005 - 12h18

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – A força-tarefa Vale do Javari, coordenada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), diminuiu para apenas um caso a incidência de malária nesse território indígena pertencente ao município de Atalaia do Norte, no Amazonas. Quando o trabalho emergencial começou, em 21 de julho, 631 indígenas estavam contaminados.

A força-tarefa conta também com a participação da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), órgão estadual, do Exército Brasileiro e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Nela atuam 26 profissionais de saúde: seis médicos, dois enfermeiros e 18 técnicos de enfermagem. Os trabalhos irão até dia 30 deste mês.

"Há uma equipe de combate à malária e uma equipe de ação direta de saúde. Eles estão percorrendo os rios Jaquirana, Curuçá e Ituí, fazendo busca ativa da malária, termonebulização e aplicação interna nas malocas (aspersão do veneno que mata e espanta os mosquitos transmissores da doença), busca ativa de tuberculose e hepatite A, consultas médicas, vacinação e atividades educativas sobre DSTs, higiene e saneamento", explicou Paulo Oliveira, chefe da força-tarefa Vale do Javari.

Paulo Oliveira afirma que no rio Jaquirana vivem cerca de mil indígenas Maioruna; no Curuçá, 560 indígenas Marubo e no Ituí, 1,2 mil indígenas das etnias Marubo (a maioria), Matis (semi-contactados) e os chamados "caceteiros" (isolados).

A criação da força-tarefa foi motivada por uma denúncia da Coiab. "O problema da malária no Vale do Javari é grave, e nós estamos fazendo uma campanha mundial para combatê-lo", disse Jecinaldo Sateré, coordenador da entidade. "Em 2001 a vigilância epidemiológica e o controle de endemias deixaram de ser responsabilidade da Funasa, para passar para o estado e para municípios certificados. Atalaia do Norte está em processo de cerficação. Então quem deve atuar lá é a FVS. Como a situação era emergencial e a FVS ainda está se estruturando, nós puxamos essa ação conjunta", explicou Sebastião Nunes, coordenador regional da Funasa no Amazonas.

A FVS é ligada à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (Susam) e foi criada neste ano. Seu presidente, Evandro Melo de Oliveira, contestou a declaração de Nunes. "O Vale do Javari é uma área indígena, então a responsabilidade pelo combate à malária lá é primordialmente da Funasa. Nós estamos apenas dando um apoio", afirmou.

Apesar da divergência, os dois gestores concordam que as ações conjuntas na área devem prosseguir, mesmo após o fim da força-tarefa. "Sempre que houver alguém doente vindo de fora, a transmissão pode imediatamente ser reiniciada. É impossível acabar com todos os mosquitos da floresta. O combate à malária é um trabalho contínuo", completou Oliveira.