Costa Neto reafirma que recebeu R$ 6,5 milhões de Marcos Valério

23/08/2005 - 21h40

Brasília, 23/8/2005 (Agência Brasil - ABr) - Durante nove horas, o ex-deputado federal Valdemar Costa Neto, presidente do PL, respondeu às perguntas dos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a compra de votos, no Congresso Nacional.

Por diversas vezes, Costa Neto reafirmou que recebeu R$ 6,5 milhões do empresário Marcos Valério para quitar dívidas com fornecedores de material destinado à divulgação do segundo turno da campanha eleitoral à Presidência da República. De acordo com ele, nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem ex-ministro da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP), tinham conhecimento do repasse.

Costa Neto ainda isentou o ex-presidente do PT, José Genoino. "O Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) tinha total autonomia. O Genoino só cuidava da parte política. Sempre foi um político aplicado e dedicado. Não sei como foi acontecer um desastre desses na vida dele", afirmou o ex-deputado, que negou a existência do chamado mensalão e atribuiu o aumento no número de parlamentares do PL durante o governo Lula à presença na base aliada. "Muitos deputados, para atuar bem na sua região, precisam estar perto do governo para levar verba para a prefeitura. Os deputados são votados por seu prestígio pessoal. No Brasil, ainda não temos tradição partidária", afirmou.

Sobre os recibos dos pagamentos feitos aos fornecedores de material para o segundo turno da campanha presidencial, o ex-deputado disse que tentará conseguir a documentação com o próprio PT: "Ainda não consegui porque a coisa tá pegando fogo no PT. Seria muito fácil conseguir uma nota fria. Não é algo difícil de conseguir com muitas empresas. Mas não quero trazer uma documentação falsa aqui, para depois ter que dar novas explicações".

O presidente do PL contou que não tem a intenção de ser um "problema para o presidente Lula". Segundo ele, o partido não está na expectativa de que o vice-presidente José Alencar assuma a presidência da República em meio à crise. Pelo contrário: "O vice-presidente tem certeza que essa crise será superada", ressaltou.

Sobre a possiblidade de uma nova aliança com o PT na campanha presidencial de 2006, o ex-deputado disse considerar a parceria improvável. O partido, acrescentou, estaria decepcionado com a política econômica adotada nos últimos dois anos e pelo pouco espaço dado ao PL no atual governo.