Cautela de empresários adia aumento da oferta de empregos, avaliam Seade e Dieese

23/08/2005 - 12h43

Fábio Calvetti
Da Agência Brasil

São Paulo – O segundo semestre do ano costuma ser a época em que há maior oferta em número de empregos, no entanto, a cautela dos empresários diante das decisões macroeconômicas e a atual situação política podem ter freado a diminuição do desemprego na região metropolitana de São Paulo. Esta é a avaliação dos pesquisadores da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).

No mês de julho a taxa de desemprego manteve-se estável em 17,5% pela quarto vez consecutiva. De acordo com Sinésio Pires Ferreira, diretor de análise de dados do Seade, a segunda metade do ano costuma apresentar uma redução do nível de desemprego. Em junho, foram criados 36 mil novos empregos, que não foram capazes de absorver as 44 mil pessoas que entraram no mercado de trabalho.

"Era de se esperar nesta época do ano que a taxa de desemprego começasse a se reduzir. Este ano, isso não está acontecendo", afirma Ferreira. "Isso significa que o nível de atividade econômica, que foi muito intenso no ano passado, aparentemente, não vem se sustentando neste ano. Embora ainda haja geração de empregos, é insuficiente para incorporar as novas pessoas que estão entrando no mercado de trabalho".

Na avaliação do pesquisador, há uma aparente cautela por parte dos empresários. "No segundo semestre de cada ano, o nível de atividade tende a se aquecer. Esse movimento já era para ter se iniciado e, aparentemente, está sendo adiado por uma posição mais cautelosa das empresas diante das incertezas conjunturais. Mas acredito que ao longo do segundo semestre esse aquecimento esperado da economia venha de fato a acontecer", afirma Ferreira.

Para Ferreira, a alta taxa de juros é o maior impedimento para começar as contratações. "Não se pode negar alguma influência dessa crise política. Mas, de todo modo, há uma expectativa nos próximos meses de redução da taxa de juros, coisa que ainda não aconteceu. Então, acho que há uma expectativa também nesse sentido, de a política macroeconômica ser um pouco menos rígida de modo que incentive a produção e o emprego nos próximos meses."