Pagamento adiantado ao FMI fez país ter saldo negativo de US$ 5 bilhões em julho

18/08/2005 - 16h01

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Banco Central contabilizou um saldo negativo de US$ 5,009 bilhões nas contas externas do país, no mês passado. O principal motivo foi a antecipação de pagamento de US$ 5 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Não fosse isso, o balanço de pagamentos teria sido equilibrado, de acordo com relatório sobre o setor externo, anunciado hoje (18) pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Ele disse que as transações correntes (operações financeiras e comerciais, sem contar juros) tiveram saldo positivo de US$ 2,592 bilhões no mês passado. Foi o maior resultado mensal já registrado, segundo Altamir, e ele atribui o fato à influência do superávit recorde de US$ 5,012 bilhões no saldo da balança comercial (exportações menos importações) em julho.

O economista do BC disse que as amortizações com captações anteriores de bônus da República custaram US$ 2,5 bilhões aos cofres do país no mês, o que foi contrabalançado, em parte, pelos ingressos líquidos de US$ 2 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. Os gastos aumentaram, acrescentou, porque a conta de serviços gerou despesas líquidas de US$ 648 milhões.

O Brasil gastou lá fora, com serviços, 47,94% a mais que os US$ 438 milhões contabilizados em julho de 2004, elevando o total de despesas no ano para US$ 4,187 bilhões: um aumento de 85% comparado aos US$ 2,263 bilhões acumulados de janeiro a julho do ano passado.

As despesas com transporte somaram US$ 159 milhões, 4,7% inferiores às de julho de 2004. Em contrapartida, porém, os gastos com viagens internacionais elevaram-se de US$ 25 milhões para US$ 188 milhões. O Brasil também gastou US$ 62 milhões com seguros, US$ 103 milhões com computação e informações, US$ 89 milhões com pagamentos de royalties (direitos autorais) e licenças, além de US$ 249 milhões com aluguel de equipamentos, dentre outras despesas.

Altamir Lopes disse que o ingresso de investimentos estrangeiros diretos no setor produtivo alcançou US$ 2 bilhões em julho, com crescimento de 27,2% sobre igual mês de 2004. Acumula, portanto, o total de US$ 10,6 bilhões no ano, com incremento de 87,8% sobre o mesmo período do ano passado. Os números demonstram, segundo ele, que a meta do BC, de encerrar o ano com entradas estrangeiras de US$ 16 bilhões, "é perfeitamente factível".