Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, disse na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação e atual secretário do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Gushiken, se reunia com os presidentes dos fundos de pensão. Ele contou aos deputados e senadores que certa vez, durante uma reunião do Conselho da Previ – Fundo de Pensão do Banco do Brasil – a reunião ficou suspensa a pedido do presidente da entidade, Sergio Rosa, que estava numa reunião com Gushiken.
Para o relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), as declarações de Pizzolato sobre os fundos de pensão foi a única parte do depoimento que se aproveitou. "Trouxe a tona uma coisa que é fundamental para o país que é a maior necessidade de fiscalização dos fundos de pensão", disse o relator.
Quanto às afirmações do ex-diretor do Banco do Brasil sobre o saque de R$ 326 mil, tanto o relator quanto parlamentares da base do governo e da oposição consideraram-nas inconsistentes. Na sua versão, Pizzolato disse que não sabia que o pedido feito por um funcionário da DNA Propaganda referia-se a um saque bancário. E desconhecia que o endereço fornecido fosse da agência do Banco Rural no Rio de Janeiro e sequer soube dizer aos deputados e senadores referências da "pessoa do PT" que foi buscar os dois pacotes em seu apartamento.
"Sequer saber indicar se quem levou o pacote era homem ou mulher é brincar com a nossa inteligência", afirmou o deputado Osmar Serraglio. Já o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse que o depoimento de hoje "foi econômico". Acrescentou que, ultimamente, as pessoas convocadas tem adotado um procedimento comum: "quando não se mente, se omite".
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) disse ao depoente que ele cometeu " no mínimo uma imprudência ao pegar um pacote que não sabia de quem era". Acrescentou que " a tese" defendida por Pizzolato no seu depoimento "é absolutamente insustentável e apenas serviu para comprometer a sua imagem".
Já o deputado Ônix Lorenzoni (PFL-RS) questionou o que considerou uma contradição de Henrique Pizzolato no seu depoimento. Segundo o parlamentar, o ex-diretor afirmou que todo contrato de publicidade feito pelo Banco do Brasil com valor acima de R$ 50 mil tem, obrigatoriamente, que passar pelo crivo da Secretaria de Comunicação. "Ele assinou um aditamento de R$ 58 milhões e aí disse que fez sem consultar a Secom, ele mentiu", afirmou o parlamentar.