Relatório destaca parceria entre governo e ONGs na inserção de jovens no mundo do trabalho

13/08/2005 - 9h53

Renata Franke
Da Agência Brasil

Brasília - A parceria com organizações da sociedade civil constitui instrumento de ligação entre a sociedade e o governo na implementação de ações que ajudem os jovens brasileiros a entrarem no mundo do trabalho. É o que diz o relatório "Tirando Acordos do Papel", elaborado por mais de 40 organizações não-governamentais que desenvolvem trabalho voltado para os jovens e entregue hoje ao secretário Nacional de Juventude, Beto Cury.

Um dos pontos abordados no relatório é o Projeto Primeiro Emprego, que prevê a participação de organizações não-governamentais por meio dos Consórcios Sociais da Juventude. Cada Consórcio deve ter a sua rede composta por pelo menos dez entidades, movimentos sociais ou organizações da juventude legalmente constituídos há no mínimo um ano. Dentro dele, os jovens têm aulas de ética, cidadania e meio ambiente, inclusão digital e noções de empreendedorismo. Além de freqüentar uma oficina de capacitação profissional, eles recebem uma bolsa de 150 reais e, em troca, prestam serviços comunitários.

O representante da organização Rede Protagonismo Juvenil Daniel Miranda disse que as organizações não-governamentais (ONGs) têm interesse de se tornarem aliados do governo. "A própria Constituição diz que a questão da política pública deve ser compartilhada pela sociedade civil e pelo governo. A sociedade civil vem pra estar colaborando, pra estar monitorando, avaliando e apresentando propostas e, daí, construir em conjunto, através de diagnóstico da realidade local, regional e nacional", explica Miranda.

Outro ponto do relatório diz que o governo deve implementar ações para eliminar a discriminação contra meninas e jovens mulheres que exercem trabalho doméstico. Segundo pesquisa da Unicef citada no relatório, em 1998, 400 mil meninas de 10 a 16 anos, pobres e de maioria negra trabalhavam em casas alheias, das quais 33% não estudavam e 23% trabalhavam mais de 48 horas semanais. De acordo com o documento, o governo brasileiro não promoveu nenhum programa específico para garantir a melhoria de tais condições.

O relatório conclui que os diversos setores da juventude devem participar dos programas sociais para que as iniciativas sejam bem-sucedidas. Tal participação deve ser subsidiada pelo governo, por meio da criação dos conselhos estaduais e municipais da juventude e elaboração e monitoramento de políticas públicas para a juventude.