PT gaúcho admite ter recebido R$ 1 milhão de Marcos Valério, mas dinheiro não seria para eleição

11/08/2005 - 22h10

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre – O presidente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores, David Stival, informou hoje (11) que o PT gaúcho recebeu R$ 1, 05 milhão do empresário mineiro Marcos Valério, no ano de 2003, "para pagar dívidas no Estado". Mas, segundo Stival, o dinheiro não foi usado para pagar dívidas de campanhas. O presidente do PT gaúcho diz ter procurado a direção nacional do partido em 2003. "O ex-tesoureiro, Delúbio Soares, disse que os recursos poderiam ser retirados da agência de publicidades SMP&B", disse. O dirigente revelou ainda, que o tesoureiro do partido no Estado, na época, Marcelino Pies e o militante filiado, Marcos Trindade, foram a Belo Horizonte receber os recursos.

David Stival ressaltou ainda, que o dinheiro não foi usado para saldar dívidas de campanha. Ele explicou que "os R$ 150 mil, passados por Marcos Valério a Paulo Bassotto, filiado ao PT no Estado, não dizem respeito ao partido". Em um pronunciamento rápido e tumultuado, o presidente do diretório estadual do PT, não quis detalhar onde foi utilizado o dinheiro.

A direção do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul convocou a coletiva para esclarecer o destino do dinheiro e por que o nome de Bassotto aparece, ao lado de Marcelino Pies, ex-tesoureiro do partido no Rio Grande do Sul, e Jorge Garcia, em uma lista de sacadores das contas de Marcos Valério. Bassotto foi preso pela Polícia Federal em junho de 2003, no aeroporto de São Paulo, quando tentava embarcar com R$ 150 mil em uma mala. O petista alega que o dinheiro era para pagamentos de impressões de campanhas eleitorais.

Nesta sexta-feira (12), David Stival vai prestar depoimento à Polícia federal. Segundo a Superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, o presidente do diretório estadual do PT irá depor à tarde, para explicar ao delegado Luiz Nestor Contreira, as declarações que teria dado no mês passado, garantindo que é normal os partidos receberem 'dinheiro por fora' durante as campanhas eleitorais. Na semana que vem, o ex-tesoureiro Marcelino Pies e Paulo Antônio Bassoto, filiado ao partido, também serão chamados.