Valério diz que pagou R$ 15 milhões a Duda em cheque e dinheiro, mas não via paraíso fiscal

11/08/2005 - 20h09

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O empresário Marcos Valério confirmou que pagou o publicitário Duda Mendonça por serviços prestados ao PT. Mas rechaça a versão de Duda de que teria feito os pagamentos por meio de depósitos em uma conta nas Bahamas – país caribenho que, por suas leis, é usado como paraíso fiscal.

Valério disse há pouco que fez repasses de R$ 6,6 milhões ao publicitário Duda Mendonça por meio de 22 cheques entregues a um consultor financeiro chamado Jáder. Valério informou que além dos cheques foi repassado ao publicitário, por ordem do ex-tesoureiro Delúbio Soares, do PT, dinheiro em espécie. Segundo Valério, a soma dos recursos repassados ao publicitário Duda Mendonça perfaz o total de R$ 15,5 milhões.

O empresário está depondo na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos. Ele compareceu à CPI para entregar documentos contábeis das suas empresas e aceitou prestar novos esclarecimentos aos parlamentares.

Marcos Valério rebateu o publicitário Duda Mendonça, que em depoimento à CPMI dos Correios disse que Valério teria sugerido a ele a abertura de contas bancárias no exterior para "facilitar" o recebimento de aproximadamente R$ 10 milhões: "Eu nunca orientei ninguém, nem o Duda Mendonça, que tem 61 anos e muito mais experiência que eu, a abrir conta no exterior". O empresário disse que não remeteu nenhum dinheiro para as contas de Duda Mendonça no exterior. Ele informou que as remessas teriam sido feitos pelo consultor Jader, indicado pela sócia de Duda Mendonça, Zilmar Fernandes. "Não sei porque Duda remeteu o dinheiro para fora", disse Valério.

Em resposta a questionamento, Marcos Valério disse que não sabia precisar se esse dinheiro pago a Duda Mendonça seria para cobrir dívidas da campanha do PT em 2002. Ele disse que recebeu autorização de Delúbio Soares para fazer os pagamentos ao publicitário. Valério informou aos integrantes da CPI que todas as vezes que um dos 22 cheques era sacado ele era informado pelo consultor e passava as informações para o Delúblio e para Duda Mendonça. "Eu tinha que provar que para o Delúblio que o saque tinha sido feito", disse.;

A pedido do deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), Marcos Valério aceitou participar de uma acareação ainda hoje com o publicitário que está depondo na CPI dos Correios. No entanto, a proposta não vingou e a acareação não ocorreu. Valério se dispôs a voltar a CPI para continuar prestando esclarecimentos. Ele informou que pretendia prestar esclarecimentos hoje na Procuradororia e na Polícia Federal, mas que isso não foi possível. Ele adiantou que vai procurar amanhã, em Belo Horizonte, o delegado da federal encarregado das investigações para prestar novos esclarecimentos. "Eu quero deixar os fatos claros para toda a sociedade", disse.

Marcos Valério disse que tem comprovantes de todos os pagamentos que fez, como foram, os saques, para onde foram, os depósitos feitos em suas contas, a origem do dinheiro e todas as notas fiscais das empresas. "Eu fui usado e cuspido para fora", comentou. "É mais fácil acusar um empresário de Minas Gerais do que o publicitário Duda. Por isso, estão me culpando de tudo. É mais fácil falar 'valérioduto' do que 'dirceuoduto' ou 'ptoduto'."