Vale do Rio Doce pode pedir indenização à CSN por decisão do Cade

11/08/2005 - 16h23

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Rio – A Companhia Vale do Rio Doce poderá pedir uma indenização à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), caso tenha que abrir mão do direito de compra do excedente da produção da mina Casa de Pedra, em Minas Gerais. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça, decidiu ontem (10) que a Vale tem de abrir mão da prioridade sobre a Casa de Pedra – que foi acertada durante a negociação das duas empresas, em 2001, para descruzar as ações entre as duas empresas.

Se não quiser abrir mão da prioridade sobre a Casa de Pedra, o Cade determina que a Vale venda uma de suas mineradoras, a Ferteco, para reduzir o controle da empresa sobre o setor.

No entanto, em entrevista coletiva o presidente da Vale, Roger Agnelli, descartou hoje (10) a venda da Ferteco. "Vender a Ferteco evidentemente não há hipótese, pois é um ativo importante e que tem um valor expressivo para a Vale, além de contribuir com a estratégia da empresa de estar liderando esse mercado mundial", destacou.

Ainda segundo Agnelli, os advogados da Vale terão 30 dias para avaliar as decisões do Cade, consideradas por ele como "muito positivas e corretas".

"Após cinco anos de discussões, finalmente o Cade aprovou as aquisições da Vale feitas no passado, mesmo com restrições. No caso da MRS, vamos ter que atender o edital de privatização, como já vínhamos conversando com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e vamos finalizar esta negociação atendendo a direção que o Cade impôs", afirmou Agnelli.

"Em relação ao contrato de Casa de Pedra, é um contrato feito entre partes – A CSN e a Vale do Rio Doce – e o Cade instruiu para cancelar algumas cláusulas de preferência. A gente vai tratar isso com serenidade, buscando atender os interesses de milhares de famílias que são acionistas da Vale e milhares de investidores individuais e aposentados que compraram ações da empresa com o Fundo de Garantia (FGTS)", acrescentou Agnelli, enfatizando que estas operações não vão influenciar no valor das ações da empresa no mercado.

O Cade aprovou as operações de compra de seis mineradoras pela Vale do Rio Doce e o processo de descruzamento de ações com a CSN feito em 2001, na reunião de quarta-feira em Brasília. Com o descruzamento de ações, a Vale ganhou o direito de preferência na compra do excedente de minério de ferro da Casa de Pedra, que pertence a CSN.