Sociólogo diz que vigilância nos Estados Unidos leva trabalhador ao stress

11/08/2005 - 8h52

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O sociólogo Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília acredita que é preciso diferenciar a esfera privada íntima do homem público da do cidadão comum. Para ele, a vigilância que se exerce hoje no trabalho, nos Estados Unidos, "leva o trabalhador ao stress e à perda de produtividade, afetando a sua própria cidadania". Ele credita isso "ao novo tipo de relacionamento interno que acontece no país, que vive um problema conjuntural em relação à segurança".

Flávio Testa foi um dos convidados do programa Diálogo Brasil, que discutiu a privacidade do cidadão, em face da disseminação de sistemas eletrônicos de segurança. Ele
Participou dos debates nos estúdios da TV Nacional em Brasília.

Do estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, o sociólogo Ignácio Cano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, defendeu a obrigatoriedade de informar à população a existência de câmeras de filmagem em qualquer ambiente. O professor discorda do uso de gravações "mesmo para servirem de prova contra atos ilícitos" embora reconheça que isso é aceito em vários países.

Para o assessor jurídico da Associação Brasileira de Empresas de Sistemas de Segurança (Abese) José Laércio Araújo, que participou dos debates na TV Cultura de São Paulo, há uma "sedução pelos aparatos tecnológicos", o que não significa que as pessoas estejam mais protegidas. "A privacidade é um bem que o Estado deve tutelar, pois o crescimento da criminalidade tem levado os condomínios, prédios, cinemas e estabelecimentos comerciais a exagerarem nos sistemas de segurança, para saber se os hábitos do cidadão são lícitos ou ilícitos". A ausência de legislação sobre a privacidade segundo o assessor da Abese está afetando um direito básico do cidadão.

O Diálogo Brasil é transmitido toda quarta-feira, às 22h30 e reprisado aos sábados, às 22 horas, pela TV Nacional e pela NBr, canal de TV a cabo do Poder Executivo. O programa é mediado pelo jornalista Florestan Fernandes Jr. e feito em parceria com a TV Cultura de São Paulo e a TVE Brasil, do Rio de Janeiro, sendo exibido também por outras emissoras da rede pública de televisão.