Ministério da Saúde estuda novo modelo de financiamento para Santas Casas

11/08/2005 - 13h08

Priscilla Mazenotti e Adriana Franzin
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O Ministério da Saúde estuda um novo modelo de financiamento por meio da fixação de metas como incentivo para as Santas Casas em todo o país. "Nós vamos anunciar um produtivo e importante diálogo com os hospitais filantrópicos", afirmou. A informação foi dada ontem (10) pelo ministro, Saraiva Felipe, durante o 15º Congresso de Santas Casas e Hospitais Beneficentes em Brasília.

O ministro disse que irá tratar os hospitais filantrópicos como "uma extensão do próprio setor público". Saraiva Felipe acrescentou que o novo modelo irá substituir o esquema atual das Autorizações de Internações Hospitalares.

Para o presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes, Antônio Brito, é preciso reajustar a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) para repor os índices inflacionários ao longo dos anos. "A defasagem é grande, vem acumulada ao longo dos anos, então é necessário um reajuste progressivo da tabela. Muitas entidades já estão começando a fechar suas portas e isso dificulta, evidentemente, o principal parceiro do governo, que é o setor filantrópico, atender a população que mais precisa", afirmou.

De acordo com Brito, são necessários, por ano, R$ 400 milhões para a melhoria dos serviços nas Santas Casas, dinheiro que, para esse ano, já foi liberado. Ele disse que um exemplo prático da falta de reajuste na tabela das Santas Casas hoje é o atendimento pediátrico. O custo de uma consulta de pediatria básica é hoje R$ 2,04. O ideal seria R$ 20. "Nós temos uma expectativa de que o governo não abandone o setor filantrópico nesse momento", disse.

A Irmã Maria Thereza Lorenzone, coordenadora do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, explicou que teve de reduzir o atendimento no pronto-socorro em 35% a 40% por causa da falta de recursos. "É um hospital de guerra porque a gente luta com bastante dificuldade para não fechar as portas", explica.