Maioria dos trabalhos com carteira assinada foram criados no campo, entre janeiro e julho

11/08/2005 - 7h40

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Cerca de 76 mil pessoas tiveram suas carteiras de trabalho assinadas em empresas agrícolas, entre janeiro de julho deste ano. O setor foi o que mais empregou no primeiro semestre deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Foram nove mil empregos a mais que no mesmo período do ano anterior, destaca José Graziano da Silva, assessor especial da Presidência da República. Graziano destaca que o fenômeno foi disseminado por todo o país, com exceção de uma redução de 1,3 mil empregos na região centro-oeste – sobretudo no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, fruto da seca.

"Todos os outros estados do país tiveram crescimento do emprego agropecuário com carteira assinada. Isso é a novidade. Estamos gerando mais empregos de melhor qualidade", afirmou Graziano.

Tabela 1: evolução do saldo emprego menosdesemprego, Brasil.
ATIVIDADE 2.001 2.002 2.003 2.004 2.005
ECONOMICA JAN-JUN JAN-JUN JAN-JUN JAN-JUN JAN-JUN
EXTRATIVA MINERAL
-335
350
146
80
58
IND. TRANSFORMACAO
-14621
-4442
-18040
11445
-15851
SERV.IND.UTIL.PUB.
-133
-419
-1047
-1649
-2350
CONSTRUCAO CIVIL
-6228
-509
10297
-4026
9707
COMERCIO
26711
24414
25057
25403
20937
SERVICOS
3858
14271
12119
5525
-7832
ADMIN. PUBLICA
1414
1174
94
3600
-1419
AGROPECUARIA
49263
54283
61685
67390
76290
OUTROS
-154
-4
-1
21
24
TOTAL
59775
89118
90310
107789
79564
FONTE: MTE-CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS EDESEMPREGADOS.

O assessor revelou que dados atuais apontam que as exportações brasileiras de produtos agropecuários superaram o patamar dos R$ 4 bilhões. "Bate qualquer recorde histórico e tem reflexo importante no emprego. Não é só gerar emprego, é emprego de qualidade, num segmento que se caracteriza pela informalidade. Todo mundo sabe da figura do bóia-fria e inclusive muitos trabalhos acusados de similares com o trabalho escravo na agropecuária", disse.

Segundo Graziano, para a próxima safra as previsões são otimistas. "Ao contrário do que muitos alardeavam, que o dólar baixo desestimularia as exportações, reduziria o plantio, não é isso que está se verificando. Os agricultores mantêm a confiança no crescimento das exportações, na prioridade que o governo vem dando à agropecuária. A expectativa é que consigamos repetir no ano que vem uma safra como foi pelo menos a do ano passado", afirmou.

A expectativa é aumentar os recursos para a agricultura familiar e para a comercial. Graziano revela que estão sendo disponibilizados para a primeira cerca de R$ 9 bilhões e, para a comercial, outros R$ 42 bilhões. "É um volume de crédito nunca antes aportado pelo governo ao setor agropecuário. No ano passado, para a agricultura familiar foram R$ 6,2 bilhões e para a patronal foram R$ 37 bilhões. Estaríamos passando de um total de R$ 42 bilhões para R$ 51 bilhões. Quase R$ 10 bilhões a mais de créditos injetados no setor agropecuário este ano", disse.

Segundo o assessor, é a agropecuária que está puxando o crescimento do emprego de qualidade, seguida pelo comércio, com 21 mil novos empregos este ano, e pelo setor da construção civil, com 10 mil novos empregos. Para ele, isso se deve à agropecuária comercial e aos grandes proprietários de cana-de-açúcar, soja, café, algodão, em rápida expansão nos últimos anos.

A região que apresenta maior crescimento no emprego formal em relação à última safra é a sudeste, com mais de 30 mil empregos. Além disso, a região nordeste apresentou crescimento de 13 mil empregos. "O nordeste era uma região que vinha crescendo pouco nos últimos anos, em virtude de ser sistematicamente castigada pela seca. O crescimento do emprego na região se deve muito à recuperação das lavouras de cana e de algodão", constatou.