Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 76 mil pessoas tiveram suas carteiras de trabalho assinadas em empresas agrícolas, entre janeiro de julho deste ano. O setor foi o que mais empregou no primeiro semestre deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Foram nove mil empregos a mais que no mesmo período do ano anterior, destaca José Graziano da Silva, assessor especial da Presidência da República. Graziano destaca que o fenômeno foi disseminado por todo o país, com exceção de uma redução de 1,3 mil empregos na região centro-oeste – sobretudo no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, fruto da seca.
"Todos os outros estados do país tiveram crescimento do emprego agropecuário com carteira assinada. Isso é a novidade. Estamos gerando mais empregos de melhor qualidade", afirmou Graziano.
Tabela 1: evolução do saldo emprego menosdesemprego, Brasil. | |||||
ATIVIDADE | 2.001 | 2.002 | 2.003 | 2.004 | 2.005 |
ECONOMICA | JAN-JUN | JAN-JUN | JAN-JUN | JAN-JUN | JAN-JUN |
EXTRATIVA MINERAL |
-335
|
350
|
146
|
80
|
58
|
IND. TRANSFORMACAO |
-14621
|
-4442
|
-18040
|
11445
|
-15851
|
SERV.IND.UTIL.PUB. |
-133
|
-419
|
-1047
|
-1649
|
-2350
|
CONSTRUCAO CIVIL |
-6228
|
-509
|
10297
|
-4026
|
9707
|
COMERCIO |
26711
|
24414
|
25057
|
25403
|
20937
|
SERVICOS |
3858
|
14271
|
12119
|
5525
|
-7832
|
ADMIN. PUBLICA |
1414
|
1174
|
94
|
3600
|
-1419
|
AGROPECUARIA |
49263
|
54283
|
61685
|
67390
|
76290
|
OUTROS |
-154
|
-4
|
-1
|
21
|
24
|
TOTAL |
59775
|
89118
|
90310
|
107789
|
79564
|
FONTE: MTE-CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS EDESEMPREGADOS. |
O assessor revelou que dados atuais apontam que as exportações brasileiras de produtos agropecuários superaram o patamar dos R$ 4 bilhões. "Bate qualquer recorde histórico e tem reflexo importante no emprego. Não é só gerar emprego, é emprego de qualidade, num segmento que se caracteriza pela informalidade. Todo mundo sabe da figura do bóia-fria e inclusive muitos trabalhos acusados de similares com o trabalho escravo na agropecuária", disse.
Segundo Graziano, para a próxima safra as previsões são otimistas. "Ao contrário do que muitos alardeavam, que o dólar baixo desestimularia as exportações, reduziria o plantio, não é isso que está se verificando. Os agricultores mantêm a confiança no crescimento das exportações, na prioridade que o governo vem dando à agropecuária. A expectativa é que consigamos repetir no ano que vem uma safra como foi pelo menos a do ano passado", afirmou.
A expectativa é aumentar os recursos para a agricultura familiar e para a comercial. Graziano revela que estão sendo disponibilizados para a primeira cerca de R$ 9 bilhões e, para a comercial, outros R$ 42 bilhões. "É um volume de crédito nunca antes aportado pelo governo ao setor agropecuário. No ano passado, para a agricultura familiar foram R$ 6,2 bilhões e para a patronal foram R$ 37 bilhões. Estaríamos passando de um total de R$ 42 bilhões para R$ 51 bilhões. Quase R$ 10 bilhões a mais de créditos injetados no setor agropecuário este ano", disse.
Segundo o assessor, é a agropecuária que está puxando o crescimento do emprego de qualidade, seguida pelo comércio, com 21 mil novos empregos este ano, e pelo setor da construção civil, com 10 mil novos empregos. Para ele, isso se deve à agropecuária comercial e aos grandes proprietários de cana-de-açúcar, soja, café, algodão, em rápida expansão nos últimos anos.
A região que apresenta maior crescimento no emprego formal em relação à última safra é a sudeste, com mais de 30 mil empregos. Além disso, a região nordeste apresentou crescimento de 13 mil empregos. "O nordeste era uma região que vinha crescendo pouco nos últimos anos, em virtude de ser sistematicamente castigada pela seca. O crescimento do emprego na região se deve muito à recuperação das lavouras de cana e de algodão", constatou.