Governo de Sergipe pretende ir à Justiça contra integração do São Francisco

11/08/2005 - 14h58

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo de Sergipe vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra o projeto de integração do rio São Francisco às bacias hidrográficas do Nordeste setentrional. A informação é do governador do estado, João Alves Filho, que participou hoje (11) de debate sobre os aspectos jurídicos e técnicos relacionados ao projeto, realizado no Tribunal de Contas da União (TCU).

"Estaremos entrando com uma ação no Supremo, estamos prontos para entrar. Mas eu confio muito na seriedade, na competência, no espírito público e no conhecimento profundo das leis por parte do Tribunal de Contas da União. A nossa esperança é que realmente o projeto tenha fim aqui", acrescentou.

Para o governador, a implantação do projeto prejudicará principalmente a população de Sergipe e de Alagoas, dois dos estados doadores, ou seja, pelos quais o rio São Francisco passa. "Se essa tragédia vier a acontecer – claro que estamos lutando para isso não ocorrer – Sergipe e Alagoas ficarão com grande parte de seu território inabitável, porque não terá água."

No entendimento de João Alves, o plano contraria leis ambientais. "É bom lembrar que o rio São Francisco hoje está na UTI", contou. Ele disse que, se o projeto de integração for implementado, basicamente beneficiará criadores de camarão e será usado para irrigação. "É preciso dizer que ele não serve para o consumo de água humano e animal", afirmou. "Se fosse para dar água, não estaríamos contra, porque nós, nordestinos, não negamos um copo de água nem aos nossos inimigos, como é que iríamos negar água aos nossos irmãos?"

O governador também criticou o custo do projeto, que envolve investimentos federais previstos de R$ 4,5 bilhões. "Há soluções inicialmente bem mais baratas do que a transposição, que, neste primeiro momento, se revela inadequada", comenta.

Segundo o coordenador do projeto de integração do São Francisco, Pedro Brito, chefe-de-gabinete do Ministério da Integração Nacional, o investimento é muito pequeno em vista dos benefícios que trará: "É um projeto ambientalmente sustentável, que, do ponto de vista social, trará resultados espetaculares para a sociedade brasileira com um todo, porque nós vamos beneficiar diretamente 12 milhões de nordestinos que sofrem há décadas com o problema da seca sem nenhuma solução estruturante como esse projeto está prevendo".

O coordenador afirmou ainda que a integração do São Francisco também vai reduzir o êxodo rural na região, "que é violento a cada período de seca".