Duda Mendonça diz ter recebido, ao todo, R$ 15 milhões "por fora"

11/08/2005 - 16h33

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O publicitário Duda Mendonça disse que recebeu, sem declaração, cerca de R$ 15 milhões do PT. "A gente também não é bobo. Não pode emitir nota fiscal, está na cara que não é dinheiro oficial", afirmou. "Na verdade, esse dinheiro claramente era de caixa 2", disse à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na Empresa de Correios e Telégrafos.

Duda diz ter recebido, sem registro, dinheiro em espécie do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do empresário Marcos Valério. De acordo com o publicitário, todo dinheiro recebido em 2002 foi oficial, com notas fiscais. No ano seguinte, o publicitário continuou prestando serviços à legenda, e ainda tinha dívidas da campanha eleitoral. Segundo Duda, foi a partir de então que uma parte dos pagamentos começou a ser feito sem registro.

Duda contou que recebeu "por fora" do PT, sem emitir notas fiscais, cerca de R$ 10 milhões, que foram depositados em uma conta nas Bahamas. Afirmou que sua sócia, Zilmar Fernandes recebeu por intermédio de Marcos Valério, em espécie e divido em parcelas o valor de R$ 1,4 milhão. Também, segundo Duda, recebeu em espécie das mãos do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares ou de emissários R$ 3,6 milhões. No sistema oficial o PT repassou R$ 3 milhões, de acordo com informações de Duda.

Duda Mendonça informou ainda à CPMI que o PT lhe deve cerca de R$ 14 milhões. O publicitário disse que não tinha como não receber o dinheiro do PT. "A gente não tinha outra opção, ou recebia assim, ou não recebia", afirmou. Zilmar disse que o primeiro pagamento foi feito no início de 2003 na quantia de R$ 300 mil no Banco Rural localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Ao chegar a agência, Zilmar disse que foi levada a uma sala do banco onde recebeu um pacote com o dinheiro. "Eu assustei", afirmou. "Pensei que ia receber um cheque administrativo", disse.

Zilmar disse não ter dúvidas que aquele dinheiro repassado por Marcos Valério era um empréstimo que estava sendo feito ao Partido dos Trabalhadores. "Ele (Delúbio Soares) me comentou por duas ou três vezes que estava resolvendo por empréstimo", disse.