Suframa não possui projetos para a várzea amazônica

30/07/2005 - 12h09

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Parintins (AM) - A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) possui um programa de Interiorização do Desenvolvimento, mas não tem projetos ou linhas de financiamento específicas para a várzea amazônica, uma região de 300 mil quilômetros quadrados de terras periodicamente inundadas onde vivem aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, segundo dados do Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (PróVárzea/Ibama). "Por um lado isso é positivo, porque amplia nossa área de atuação para todo o interior. Mas, por outro, diminui sua eficácia, porque o recurso fica muito pulverizado e falta um olhar mais voltado para as diferenças regionais", declarou Marcus Bindá, técnico economista da Suframa.

Entre 1996 e 2002, a Suframa distribuiu R$ 411,4 milhões, arrecadados do Pólo Industrial de Manaus, a 153 municípios do interior da Amazônia Ocidental (no Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre e em parte do Amapá). "Existem três critérios que balizam esses investimentos. Um é o estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em 1998, 1999 e 2002, que mostrou as potencialidades econômicas de cada subregião. Ele serviu de base para o segundo critério, que são os projetos estaduais de desenvolvimento elaborados em conjunto com os secretários estaduais de planejamento, em 2003. Mais recentemente, começamos também a trabalhar com os arranjos produtivos locais", explicou Bindá.

O economista está em Parintins participando do Seminário Políticas Públicas para a Calha do Solimões/Amazonas, cuja primeira etapa irá até amanhã (31). O PróVárzea é um subprograma do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e financiado pela cooperação internacional européia e pelo Banco Mundial. Sua missão é fornecer subsídios (tanto em termos de informações científicas quanto de projetos piloto) que ajudem na elaboração de políticas públicas adequadas para a várzea amazônica.

"É preciso estar sensível à realidade do interior, vencer a tecnoburocracia. Eu mesmo já recusei um projeto proposto por um pequeno município do Acre, que pedia verba para comprar carroças, para escoar a produção agrícola. Eu 'canetei' o projeto, sugeri que eles adquirissem pequenos caminhões. Mudei de idéia quando o prefeito esteve na Suframa e me mostrou fotos do lugar: ramais estreitos, sem asfalto, onde um caminhão sequer passaria. Sorte que deu tempo de resgatar o projeto e financiá-lo", contou Bindá.