Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Parintins (AM) - Desde o mês passado, as atividades de coleta de dados para a Estatística Pesqueira na região da Calha do Rio Solimões/Amazonas estão interrompidas, por falta de recursos. Entre janeiro de 2001 e março deste ano elas foram financiadas pelo Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea, vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (PróVárzea//bama), com recursos vindos do Ministério para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID).
"Quando o DFID foi substituído pelo GTZ [Agência de Cooperação Técnica Alemã], o entendimento deles foi de que a atividade deveria ser financiada pelo governo brasileiro. O Ibama é a instituição responsável pela Estatística Pesqueira no Brasil e agora está procurando recursos para mantê-la. Enviamos um projeto para a Petrobras e temos trabalhado junto à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca para tentar ajustar a metodologia que ela está querendo implantar em todo o Brasil, que é mais voltada para o litoral e não atende às necessidades amazônicas", informou Mauro Rufino, coordenador do PróVárzea/Ibama.
A Estatística Pesqueira vinha sendo realizada por um Grupo de Trabalho de Pesca Continental, composto por pesquisadores do Museu Paraense Emilio Goeldi, Universidade Federal do Pará, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Instituto Amazônico de Recursos Aquáticos e Universidade Federal do Amazonas.
"Em sete municípios os coletores de dados iam diariamente até o ponto de desembarque do pescado e entrevistavam todos os pescadores que chegavam lá. Perguntavam o nome do proprietário e os dados da embarcação, as quantidades de combustível e gelo usados, quanto havia sido pescado, como e onde, além do preço da comercialização", explicou Rufino. Ele acrescentou que esses dados revelavam, além da produção, o esforço de pesca, além de serem importantes para se elaborar os acordos de pesca.
O PróVárzea estima que a pesca movimente US$ 100 milhões por ano, na Calha do Solimões/Amazonas, sem qualquer subsídio do governo federal ou estadual. Mas 60% do pescado da região se destinam ao autoconsumo: o ribeirinho come, em média, entre 350 a 500 gramas de peixe por dia. A várzea amazônica tem 300 mil quilômetros quadrados de terras periodicamente inundadas, onde vivem aproximadamente 1,5 milhões de pessoas.
O PróVárzea é um subprograma do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e financiado pela cooperação internacional européia e pelo Banco Mundial.