Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O ministro da Educação Tarso Genro, que está deixando o cargo para assumir a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores em substituição a José Genoino, disse que a saída do governo foi acertada pelo diretório nacional do PT com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que gostaria de continuar à frente do ministério até o dia 27 deste mês, apesar de esta ser uma decisão que caberá ao presidente.
"Todos os quatro itens do Ministério da Educação estão rigorosamente em dia: alfabetização com inclusão, reforma do ensino superior, reorganização do ensino técnico e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Só falta entregar para o presidente a proposta de reforma do ensino superior e se ele permitir – até acho que nem vai permitir – eu pretendo ficar até o dia 27 para entregar a ele essa proposta finalizada", explicou.
Segundo Tarso Genro, as denúncias contra o PT levaram o partido a fazer um processo de autocrítica, principalmente sobre o conceito de que seria o único patrimônio da moralidade pública. "Não somos exclusivamente esse patrimônio. Outros partidos, outros agrupamentos podem também ser, e esse duro aprendizado da chegada no poder revela essa debilidade da nossa visão."
Para o ministro, o PT, "como principal partido da coalizão", tem a maior responsabilidade com o equilíbrio político e com a governabilidade. No entanto, ele dissociou a responsabilidade do partido sobre o governo. "O PT não é dono do governo. O governo é de coalizão. No presidencialismo, quem orienta estrategicamente o governo e quem decide é o presidente, que responde ao conjunto de partidos da coalizão e, mais do que isso, à sociedade", afirmou.
Tarso Genro disse também que vai apurar a situação financeira do PT, mas admitiu que o partido tem dívidas. "A dívida do partido é de mais de R$ 20 milhões. É uma conta muito grande. Nós temos que fazer um estudo sobre isso e verificar como rolar essa dívida, organizar a nossa estratégia financeira e verificar se temos cortes para fazer na manutenção da infra-estrutura do partido", acrescentou.
Também foi decidido hoje na reunião do diretório nacional do PT, no centro da capital paulista, que Ricardo Berzoini será o novo secretário-geral no lugar de Silvio Pereira, licenciado da função até que sejam concluídas as investigações em andamento no Congresso. Humberto Costa substituirá Marcelo Sereno na Secretaria de Comunicação e o deputado federal José Pimentel (PT-CE) assumirá a Secretaria Nacional de Finanças no lugar de Delúbio Soares.