Mantega diz que vê nítidos sinais de aquecimento da economia no segundo semestre

09/07/2005 - 8h15

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, disse que identifica "nítidos sinais" de que no segundo semestre haverá um aquecimento da economia brasileira. "Existem todas as condições favoráveis para isso e o banco possui indicações seguras de que isso vai acontecer", afirmou. Entre as indicações ele citou a elevação das consultas e enquadramentos registrada em junho, da ordem de 225% e 105%, respectivamente, em relação ao mesmo mês do ano passado.

Segundo Mantega, já estão chegando ao BNDES projetos que deverão ser aprovados, nos setores de siderurgia, papel e celulose, petroquímica e telecomunicações, embora haja também pedidos de financiamento de pequenas e médias empresas. Ele anunciou a aprovação de empréstimo no valor de R$ 1,34 bilhão para expansão da área de cobertura, aumento de capacidade e modernização da rede de atendimento da empresa TIM Celular. Para Mantega, o projeto deverá ter impacto positivo no desempenho do banco em julho.

Mantega disse que, como o banco responde por 60% do financiamento de investimentos de longo prazo no país, esse é um bom instrumento de aferição. "Com isso eu quero contrariar os prognósticos que estão dizendo que a crise política está tendo influência sobre o investimento. Isso não é verdade. Não é correto. Não corresponde aos dados que nós estamos verificando aqui no banco". Mantega garantiu que a análise dos dados de desempenho de junho revela que "a crise será de curta duração e não influencia os indicadores econômicos e a disposição dos investidores".

O presidente do BNDES revelou que o desaquecimento econômico ocorrido no início do semestre contribuiu para que as consultas de financiamento feitas à instituição mostrassem retração de 56% em janeiro e de 17% em fevereiro. A partir de março, porém, houve reversão e aquecimento das consultas que subiram 31% em março, 43% em abril, 33% em maio e 225% em junho. "Se olhar a curva, a média (no semestre) é só 25% maior, mas é uma escala ascendente", avaliou.

Ele acredita que o orçamento de investimento este ano do BNDES, no total de R$ 60 bilhões, poderá ser realizado, uma vez que em geral um terço é colocado no primeiro semestre e dois terços, no segundo semestre. "Principalmente porque houve uma política monetária cujo objetivo era desacelerar a economia e de fato desacelerou no primeiro semestre. Mas agora há uma reversão, uma mudança, em função do quadro de inflação sob controle e com isso a política monetária vai se adequar a esse cenário favorável". Mantega disse que olhando para a inflação, a tendência é de queda da taxa de juros básica de juros da economia (Selic).