Pesquisa inédita do Sipam mostra aumento do desmatamento no sul do Amazonas

01/07/2005 - 14h27

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – Em 2004, houve um aumento médio de quase 16% na área desmatada no sul do Amazonas, que saltou de 6.926 para 8.238 quilômetros quadrados. O dado foi divulgado hoje em Manaus pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e é fruto de um levantamento inédito realizado em toda a extensão dos 12 municípios que compõem a região: Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira, Pauini, Boca do Acre, Lábrea, Canutama, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí. O levantamento anual do desmatamento feito pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) cobre apenas amostras do território e não considera áreas de savana, por exemplo – isso ajuda a explicar o porquê de os dados do Inpe apontarem que a área total desmatada no Amazonas até agosto do ano passado é de apenas 1.054 quilômetros quadrados.

Pelos dados do Inpe, o desmatamento no Amazonas diminuiu 39% entre agosto de 2003 e agosto de 2004, em relação ao mesmo período anterior. Na Amazônia Legal como um todo, houve um aumento de 6% na área desmatada. Mas o estudo do Sipam mostrou que em todos os municípios do sul do Amazonas o desmatamento cresceu. Apenas dois deles, Pauini e Eirunepé, têm uma taxa abaixo da média da região. Os municípios onde a área desmatada mais aumentou foram Canutama (36,55%) e Humaitá (34,52%).

"O sul do Amazonas não faz parte do arco do desmatamento, mas se mostrou um local crítico. Estamos fazendo o mesmo tipo de levantamento para o sul do Pará, a chamada Terra do Meio. O objetivo é refinar os dados do Inpe para dar subsídios às ações de fiscalização e de gestão municipal", explicou o diretor-executivo do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Edgar Fagundes Filho.

"O que era feito até agora era um estudo muito geral para a Amazônia. Os gestores municipais não sabiam o que acontecia em florestas primárias e em áreas já ocupadas. Isso é uma informação muito importante para formular políticas públicas", afirmou o secretário-executivo da Associação Amazonense de Municípios, Luís Antônio Cruz.

O levantamento do Sipam utilizou imagens do satélite Landsat 5. Elas têm resolução de 30 metros, a mesmo utilizado pelo Inpe. Porém, o estudo do Sipam foi complementado com imagens do satélite CCD/CBRS, com resolução de 20 metros, e com imagens captadas por um sensor SAR, com resolução de seis metros. O sensor está instalado em uma aeronave, que sobrevoou toda a área dos municípios de Lábrea e Boca do Acre e partes dos municípios de Apuí, Novo Aripuanã e Manicoré.