Estudantes indígenas apontam preconceito nas escolas e universidades

01/07/2005 - 19h43

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Brasil

Brasília – A participação de jovens e estudantes indígenas foi um dos marcos da 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, realizada esta semana em Brasília. Vestidos a caráter, com cocares na cabeça e peles pintadas, eles cobraram mais atenção do governo federal e denunciaram a existência de preconceitos nas escolas e universidades.

"Os professores e os colegas acham que somos preguiçosos, incapazes e que queremos tudo na mão. Não entendem a nossa cultura e as condições de vida", conta Jacimar Cambeba, representante do Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas. "Na escola, cheguei a ter uma discussão com um colega que ficava me chamando de indiazinha, em um tom que eu não gostava. Alguns estudantes pedem até para não fazer trabalho no mesmo grupo dos alunos índios."

Moradora de Manaus, Jacimar estuda para trabalhar no setor de Turismo e busca, na área, formas de desenvolvimento sustentável para as populações indígenas. Para ela, a adoção do sistema de cotas em algumas universidades representou um grande avanço, mas ainda não foi suficiente para acabar com o preconceito no ensino superior.

"A gente vem para cidade procurando aprender algo que possa ajudar nosso povo, mas a discriminação ainda é grande. As universidades ainda acham que o nível de ensino vai baixar com as cotas. Muitos professores dizem isso abertamente", lamenta a estudante.