Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro da Educação, Tarso Genro, defendeu, na noite dessa quarta-feira (29), o fortalecimento dos conselhos de educação locais para combater desvios de recursos no setor. Segundo ele, a criação de um novo fundo para a educação básica, o Fundeb, torna a necessidade de reestruturação dos conselhos ainda mais urgente.
"Alguns conselhos ainda são instrumentos de encobrimento de corrupção. Todos os outros órgãos de controle serão pequenos se não ocorrer mobilização da sociedade civil para estruturar esses conselhos", avaliou Genro ao participar do programa Diálogo Brasil , transmitido pela Radiobrás em rede pública de televisão e, por meio do canal NBR , para 822 pontos de transmissão no país.
Dos estúdios da TVE no Rio, Tarso Genro ainda falou dos investimentos que o governo tem feito e a disposição para aprimorar o setor, com atenção especial para a qualificação dos professores. A qualidade do ensino foi um dos pontos debatidos no programa, que também contou com a participação do presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, César Callegari.
Atual secretário municipal de Educação de Taboão da Serra (SP), Callegari acha que a atividade dos conselhos de educação não deve se restringir ao controle dos recursos. Para ele, é necessária uma atuação mais efetiva na defesa e cobrança da qualidade de ensino. "A própria comunidade deve se mobilizar para isso. É preciso um choque de participação para que o processo seja acompanhado de perto", sugere o secretário.
Dos estúdios da TV Nacional em Brasília, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Gilberto Lacerda dos Santos lembrou que a discussão sobre qualidade também deve abranger a utilização de novas tecnologias. De acordo com ele, muitos professores inscritos em programas de formação continuada resistem a aprender informática por causa dos problemas persistentes de falta de giz e livros nas escolas.
"Essa é uma realidade, de fato. Mas o Brasil é um país com diferentes dimensões e ritmos. Não há sentido em fecharmos portas para formação de cidadãos para a sociedade tecnológica", afirmou Santos, que em 2001 venceu o Prêmio Jovem Cientista do Futuro por criar softwares que facilitam o ensino de Ciências para crianças com necessidades especiais. "Precisamos resolver problemas crônicos pensando no futuro. Negar isso é negar cidadania para os alunos e professores em formação."