Brasília, 30/6/2005 (Agência Brasil - ABr) - O Banco Central refez suas estimativas para o comportamento dos preços no ano e, de acordo com o relatório trimestral de inflação divulgado pelo diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) pode chegar a 5,8% em dezembro. O percentual supera os 5,5% do relatório anterior (janeiro a março) e os 5,1% da meta já corrigida.
Segundo o diretor, a correção "não significa, em hipótese nenhuma, que tenhamos desistido de buscar a inflação de 5,1%". E decorre, basicamente, da possibilidade de aumento dos preços dos alimentos acima do previsto inicialmente, em função da quebra na produção agrícola da região Sul, devido à estiagem.
Bevilaqua citou como outro fator de pressão inflacionária a revisão do aumento acumulado dos preços administrados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, água, saúde, educação, transportes públicos e outros). De acordo com o relatório anterior, o aumento seria de 6,9% no ano, mas a nova estimativa é de 7,3%, com base em reajustes programados de 10,8% para a energia elétrica residencial e de 8,6% para a telefonia fixa.
O preço internacional do petróleo também foi apontado como fator de incerteza inflacionária pelo diretor do BC. Embora o relatório do BC mantenha a hipótese de reajuste zero para gasolina e gás de cozinha ao longo do ano, admite a possibilidade de aumentos dos insumos derivados de petróleo, o que acaba pressionando os preços dos produtos ao consumidor.
Sobre a inflação para o terceiro trimestre, Bevilaqua disse que o cenário no mercado interno melhorou as expectativas: "Todos os indicadores apontam queda futura, tanto no varejo quanto no atacado". E apesar das incertezas em relação ao preço do petróleo, "o quadro externo também é bastante positivo".