Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio - A rede internacional de tráfico de seres humanos é a terceira mais lucrativa do mundo, movimenta US$ 9 bilhões por ano e só perde para o tráfico de armas e drogas. De acordo com o Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres (Cedim), as maiores vítimas desse comércio ilegal são as mulheres jovens, que representam 95% do total de pessoas traficadas.
A presidente do Cedim, Ana Maria Rattes, diz que, em muitos casos, as mulheres são iludidas com falsas promessas e viajam para o exterior por decisão própria, o que dificulta o levantamento da ocorrência desse tipo de crime. "Nós conversamos com uma mulher que nos contou ser obrigada a ter 30 relações sexuais por noite. Os passaportes são apreendidos e ficam nas mãos dos traficantes. Elas são exploradas como coisa", diz Ana Maria.
Até a próxima quarta-feira (29), o Cedim promove um seminário para discutir medidas de prevenção ao tráfico internacional de mulheres e o papel dos órgãos púbicos no combate ao tráfico. Participam representantes dos governos estadual e federal, delegados, psicólogos, professores, antropólogos e embaixadores de países europeus como por exemplo a Suécia, um dos principais receptores de mulheres traficadas, especialmente do Brasil.
De acordo com a presidente do conselho, não existe no Brasil uma legislação específica para tratar do assunto, o que há é o Protocolo de Palermo, que está em vigor desde setembro de 2003, mas só foi promulgado em março do ano passado. O protocolo foi ratificado por 94 países, entre eles o Brasil, e tem como metas prevenir, suprimir e punir o tráfico de pessoas, especialmente mulheres e crianças.
No próximo mês o Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres deve inaugurar um escritório na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), no aeroporto do Galeão. O objetivo é orientar as jovens vítimas dos traficantes de mulheres e ajudar a polícia a identificar e prender os responsáveis.