Priscilla Mazenotti e Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília – Garantir formação profissional, promover cursos de capacitação e estimular o crescimento econômico de regiões menos desenvolvidas. Este é o objetivo do programa Arranjos Produtivos Locais (APL), do Ministério da Integração Nacional, que beneficia artesãos em todo o país.
Carlos Gadelha, secretário do programa regional do Ministério, conta que o projeto começou em 2003, mas que os resultados positivos já podem ser observados nos locais onde o projeto foi implantado. São os casos do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, Mucuri, na Bahia, Alto Solimões, no Amazonas, e a Chapada do Araripe, no Ceará.
No Jequitinhonha, por exemplo, o programa está apoiando o trabalho com gemas e jóias além de um arranjo produtivo da cachaça. "Lá a gente conseguiu uma parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), com o Senai e o Sesi, para criar uma escola em pleno Vale do Jequitinhonha justamente para gema, jóia e cachaça" disse.
São 12 subregiões em todo o país, atendidas pelos projetos e entre elas estão o semi-árido e a região da faixa de fronteira. "Tem um conjunto bastante amplo de regiões, mas temos sido muito seletivo. Em cada região a gente ta escolhendo um espaço em cada estado para priorizar as nossas ações. Senão a gente pulveriza o recurso e não gera impacto nenhum. É uma ação focalizada e seletiva, mas que tem abrangência nacional". Para este ano, Gadelha conta que o investimento de R$ 80 milhões será usado para custear 70 arranjos.
Só na região do entorno do Distrito Federal, onde os APLs contam com recursos de R$ 3,5 milhões, 22 municípios poderão ser beneficiados com o programa. Na quarta-feira passada (22), artesãos de pedras preciosas de Cristalina, em Goiás se reuniram para a escolha dos membros de seu conselho gestor.
De acordo com o gerente da rede de desenvolvimento de Brasília do Ministério da Integração Nacional, Fernando Safatle, os artesãos estão ansiosos pela qualificação. "Existe uma expectativa enorme. Os artesãos anseiam por respaldo e apoio para que possam se qualificar melhor, não só na hora de comprar a matéria-prima, mas no processo produtivo também", explica.
No caso do Distrito Federal, a instalação das APLs ainda está em estágio inicial. Em Cristalina, o foco da ação do programa são os artesãos que trabalham com cristais – principal atividade econômica da cidade. A cidade está na etapa de levantamento do número de artesãos locais que podem ser beneficiados com o programa. "Trabalhamos para identificar, em cada município, qual segmento produtivo é mais relevante e tem impacto na economia local", explica Safatle.
Em Luziânia, as atenções estão voltadas para a fruticultura, em Valparaíso, indústria de móveis; em Pirenópolis, pedras preciosas, em Águas Lindas, confecção e, em Buritis, a cultura da mandioca.
A instalação das APLs em todo o país envolvem três etapas: a mobilização e elaboração do censo, a qualificação dos artesãos e o apoio técnico por meio do Ministério da Integração e de convênios com outras entidades, como o Senai. Carlos Gadelha conta que a escolha do que vai ser produzido no local é discutido com a população. "É uma discussão com a sociedade local que a gente define o arranjo que tem maior potencialidade. O requisito é esse: que se tenha um arranjo com concentração regional para o desenvolvimento".