Brasil deve assumir metas mais ambiciosas para o milênio, diz coordenador do Ipea

27/06/2005 - 20h00

Brasília, 27/6/2005 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil deve assumir metas mais ambiciosas que as propostas pela ONU (Organização das Nações Unidas) para o milênio. A opinião é do coordenador da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Luís Fernando de Lara Resende, que participou hoje de seminário sobre Pobreza e Raça no Milênio, ao lado da assessora sênior de economia do Fundo das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), Yassine Fall, e de representantes das secretarias especiais de Políticas para as Mulheres e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

O coordenador acrescentou que "em alguns casos, da forma como são tratadas, as metas não dizem respeito ao Brasil, como por exemplo quando se diz que o fim da discriminação se dará apenas pelo acesso à educação. Já no caso do meio ambiente, se não houver mais investimentos nós não conseguiremos alcançar as metas". De acordo com dados do Ipea, em 2003 a média salarial dos negros com nível superior de R$ 8,8 por dia ficou abaixo da média brasileira, de R$ 12,8 por dia.

Em 2000, o Brasil e outros 189 países se comprometeram a diminuir as desigualdades e a melhorar o desenvolvimento humano no mundo. Os oito objetivos propostos pela ONU que devem ser cumpridos até 2015 são: erradicar a extrema pobreza e a fome; atingir o ensino básico universal; promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

Na opinião da assessora da Unifem, o combate ás desigualdades sociais e raciais deve ser feito por meio de um marco governamental. "O combate à pobreza deve ser realizado dentro de um marco de políticas macroeconômicas. Os economistas que definem essas políticas não as relacionam nem a questão de gênero, nem a de raça, ou seja, é algo neutro. Essa política tem impacto sobre o ser humano e sobre suas ações e por isso precisa abranger essas questões".

As desigualdades, acrescentou a assessora, não se referem apenas à economia, mas a políticas públicas. "A economia é uma espécie de teia, que tem ligações em vários níveis. Nós não podemos analisar a pobreza apenas pela ótica do Estado, mas por todos os níveis que a compõem". Yassine Fall disse acreditar que a cidadania e a garantia dos direitos humanos são a chave para a solução das desigualdades sociais. "Quando falamos sobre desigualdade racial e social, falamos sobre a falta de voz. Os Objetivos do Milênio e a sua realização estão relacionados à voz e à participação da população".

De acordo com dados do IPEA, em 2003, a média salarial dos negros com nível superior de R$ 8,8 por dia ficou abaixo da média brasileira, de R$ 12,8 por dia.