Temer: ''No Congresso, o PMDB sustentará a governabilidade''

24/06/2005 - 18h36

Iolando Lourenço e Gabriela Guerreiro
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O PMDB foi convidado oficialmente hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ampliar a participação do partido no governo federal e, ao mesmo tempo, atuar de forma mais ativa nas decisões de governo. Ao mesmo tempo, o partido reiterou ao presidente a disposição de continuar colaborando para a governabilidade do país com as suas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. "O presidente enfatizou a necessidade de o PMDB participar mais amplamente do governo. Disse mesmo que o PMDB era indispensável para a tranqüilidade institucional do país. Nós tivemos oportunidade de dizer ao presidente que aqui, no Congresso Nacional, o PMDB sustentará a governabilidade", ressaltou o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP).

Temer disse que vai consultar todas as instâncias do partido para, juntos, definirem se o PMDB aceita maior participação no Executivo – a convenção nacional realizada em dezembro de 2004 decidiu que o partido deveria entregar os cargos que ocupa no governo e marchar para uma candidatura própria à Presidência da República em 2006. O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que a candidatura própria é irreversível, mesmo que o PMDB decida integrar mais efetivamente o governo. "Isso implica desembarcar (do governo) mais adiante. A candidatura própria está posta e antecede à governabilidade", falou Renan.

O presidente do PMDB garantiu, no entanto, que o apoio ao governo no Congresso estará mantido. Temer disse que, independentemente da decisão do partido, a bancada peemedebista não vai aproveitar as denúncias de corrupção nos Correios e o suposto pagamento de "mensalão" para prejudicar a governabilidade. "Nós não vamos fazer de CPI nenhum palanque eleitoral. Nós teremos absoluta serenidade para cuidar desse assunto, não vamos agravar nenhuma situação", enfatizou.

Para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o PMDB tem um papel "fundamental" na governabilidade do país, especialmente dentro do Congresso Nacional. "Um governo de coalizão significa uma aliança em que os partidos têm mais personalidade, mais participação no governo e mais responsabilidade na elaboração das políticas públicas. O PMDB – com seis governadores de estado, a maior bancada do Senado e a segunda maior da Câmara – tem um imenso papel nessa tarefa, e a nossa expectativa é consolidar esse pacto de governabilidade", resumiu.

Renan Calheiros e Michel Temer garantiram que, durante a conversa com o presidente Lula, em nenhum momento foram apresentadas propostas concretas de cargos – elas dependem da decisão final do PMDB. "O presidente da República não quer um PMDB fracionado, mas por inteiro. E para ter o PMDB por inteiro, como presidente do partido eu sou obrigado, como farei, a consultar o partido por inteiro. Ele não disse quais seriam os ministérios, mas ficou implícito que ele aumentaria substancialmente a participação do PMDB. Mas não se tratou de ministérios", disse Temer. O presidente do PMDB afirmou, no entanto, que Lula deve oferecer à legenda "ministérios de razoáveis potencialidades governativas", sem mencionar quais seriam as pastas.

Mercadante informou ainda que Temer deve ouvir governadores peemedebistas, a direção do partido, líderes e bancadas antes de anunciar a decisão, que deve ocorrer na semana que vem. Temer não descarta, inclusive, a possibilidade de ser convocada convenção do partido para que a decisão final seja tomada: "Como o presidente pediu o prazo mais rápido possível, eu acredito que em uma semana talvez fosse possível. Se for necessária a convenção, nós vamos a ela."