Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), disse que o setor agropecuário só irá discutir o plano safra depois que o governo apresentar propostas para solucionar o endividamento dos produtores rurais. "Esse assunto para nós só passa a ter importância depois que o governo sinalizar com as medidas para sanar essa crise que abate a agropecuária brasileira", afirmou Caiado, após reunião da bancada ruralista com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Participaram da reunião os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, e produtores rurais. Segundo Caiado, os aspectos gerais do plano foram apresentados durante a reunião. "Não podem maquiar a crise, sinalizando apenas para 2005 e 2006 porque seria um desrespeito a todos aqueles produtores rurais que estão inadimplentes", disse o deputado. Segundo ele, esse endividamento foi provocado pela política macroeconômica do governo e pelo período de estiagem que prejudicou os produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Uma das principais reivindicações dos produtores rurais é a criação de um fundo que eles possam dispor para pagar suas dívidas. De acordo com Caiado, o setor propõe que esse fundo tenha R$ 5 bilhões e que a taxa de juros controlada seja de 8,75%.
Os produtores também reivindicam a prorrogação do prazo de pagamento das dívidas contraídas no último plantio e refinanciamento dos débitos com os fornecedores. De acordo com Ronaldo Caiado, 500 mil agricultores não têm acesso aos créditos por estarem inadimplentes. "Se não tivermos uma medida emergencial, essa crise atual vai retirar mais 500 mil a 600 mil agricultores da sua capacidade de produzir sem ter acesso a créditos ou à condição mínima de plantio".
O vice-presidente da Comissão de Agricultura, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), disse que os números do plano safra apresentados hoje revelam um avanço em relação à reunião no início da semana com os ministros da Agricultura e da Fazenda, Antonio Palocci. Mas, segundo ele, estão "aquém da demanda do setor". Segundo Heinze, a perda da última safra foi em torno de 20 milhões de toneladas. Heinze disse que o plano prevê a liberação de cerca de R$ 45 bilhões para a próxima safra.
Na reunião com Lula, ficou acertado, segundo Caiado, que o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, apresentará na próxima segunda-feira os pontos das reivindicações dos produtores rurais que serão atendidos pelo governo.
Apesar da sinalização do governo, o deputado disse que está mantido o "tratoraço" que será realizado em Brasília na próxima semana contra a crise no setor agropecuário. Eles esperam reunir 20 mil pessoas na manifestação.