Construtoras brasileiras vão fazer rodovia que liga Acre ao Peru

24/06/2005 - 17h51

Michèlle Canes
Da Agência Brasil

Brasília – Foi licitada nesta quinta-feira (23), pelo governo peruano, a estrada que vai ligar o Acre a três portos do país vizinho. O consórcio liderado pela Odebrecht ficou com dois dos três trechos licitados somando assim 700 quilômetros da estrada. Os outros 300 quilômetros serão feitos pelo consórcio compreendido pela Andrade Guitierrez, Queiroz Galvão e a Camargo Corrêa. A construção vai abrir a oportunidade do Brasil escoar a sua produção para o pacífico beneficiando a Zona Franca de Manaus.

A obra realizada entre Brasil e Peru é um dos projetos nas áreas de transporte, telecomunicações e energia que vão acontecer entre países latino-americanos como a Argentina, Bolívia, Peru Equador e outros. O objetivo é entregar e fortalecer os países. "A integração sul-americana, independente de Alca, União Européia, é prioridade. É só você ver a balança comercial. As exportações estão crescendo para o mundo todo, mas a Associação Latino Americana de Integração (Aladi) já é o segundo maior mercado comprador. Estão crescendo nossas exportações e importações com eles. Essa discussão sobre comunidade sul-americana, o acordo que foi feito entre Mercosul e os países andinos, tudo isso está aproximando esses países do Brasil e do Mercosul, isso era uma coisa que não tinha" conta Maria da Glória Rodrigues, representante do Ministério da Integração no Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (Config).

O projeto vai funcionar da seguinte maneira. As empresas brasileiras que ganharem a licitação da obra pegam com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um financiamento para custear a parte que lhe cabe da construção feita em outro país. No caso da estrada com o Peru, serão US$ 420 milhões. Já o Peru, financia a sua parte da obra com outro órgão, no caso o CAF. Como a obra será feita no Peru, o país pagará o investimento feito pelo Brasil, não para as empresas, mas sim para o BNDES quitando o financiamento feito pelos brasileiro. Ou seja, se as empresas brasileiras pegaram o financiamento de US$ 420 milhões em 19 anos, o Peru pagará este dinheiro para o banco neste mesmo tempo.

Segundo Maria da Glória, os benefícios são muitos para os países. "Vai viabilizar um incremento econômico para essa região. Porque a partir do momento que eu criei a estrada, eu passei a dar um foco de alternativa a muitas empresas brasileiras que podem se estabelecer por ali. E para muitas empresas agrícolas, de manejo de floresta, que podem se estabelecer por ali. Sem contar com o aspecto de fronteira. Na hora que você cria uma estrutura como essa, você atrai toda a parte de controle, alfândega, Polícia Federal. Você cria uma área de controle de fronteira" explica.

Além da estrada com Peru, o Brasil vai financiar vários outros projetos como um aeroporto no Equador e uma transportadora de gás na Argentina.