Laboratório Farmacêutico de Pernambuco busca fabricação pioneira de remédio contra a leishmaniose

18/06/2005 - 9h48

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife - O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco, Lafepe, vai ser a única indústria farmacêutica do mundo a fabricar um medicamento exclusivo para combater a leishmaniose. A informação foi dada pelo presidente do Lafepe, Luís Alexandre Araújo Almeida. A doença é causada por um protozoário e provoca lesões na pele, mucosas e víceras, podendo levar a morte.

Almeida destaca que o projeto será viabilizado em parceria com o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da França, IDR, e a empresa Nortec Química, que devem assinar com o Lafepe, nos próximos dias, convênio de cooperação técnica.

Os detalhes da fabricação do novo fármaco foram acertados esta semana, durante reunião entre a diretoria do laboratório pernambucano e representantes das instituições parceiras do projeto.

De acordo com o diretor técnico do Lafepe, Leduart Guedes, a tecnologia para produção do remédio será repassada ao laboratório pelos pesquisadores franceses, que isolaram três moléculas do princípio ativo da droga em uma planta boliviana. Já a química fina para produção do remédio em larga escala vai ser feita pelo laboratório Nortec, do Rio de Janeiro.

"O produto chegará ao mercado dentro de dois ou três anos, na forma de comprimido e de creme dermatológico", explicou. Guedes observa que antes, porém, o remédio terá que passar por testes em animais e em seres humanos, para verificação dos índices de toxicidade.

O consultor científico do Lafepe Pedro Rolim explica que a embaixada da França no Brasil escolheu o laboratório pernambucano para desenvolver o projeto por causa da experiência tecnológica acumulada pela instituição no trabalho com a produção de remédios destinados a doenças negligenciadas, a exemplo de cólera, dengue, chagas e tuberculose. "As grandes empresas farmacêuticas não têm interesse em investir nessas doenças que atingem a população de baixa renda", observa Rolim, também professor do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Pernambuco. "Estamos procurando uma medicação de alta atividade e baixa toxidade."

Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que a leishmaniose atinge principalmente as populações das Américas Central e do Sul. No Brasil, são detectados cerca de 30 mil casos por ano, segundo o Ministério da Saúde. Os medicamentos usados atualmente para tratar a doença provocam reações secundárias que inviabilizam o uso contínuo, sendo necessário acompanhamento médico permanente.