Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio - As exportações de produtos têxteis do Brasil subiram 11,65% nos 5 primeiros meses deste ano, em comparação ao mesmo período de 2004, totalizando receita de U$ 804,45 milhões. O Diretor Superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, avaliou nesta quinta-feira (16), no Fashion Business, que embora positivo o resultado ficou bastante aquém do registrado entre janeiro e maio do ano passado, quando as exportações subiram 19,77% sobre 2003.
Pimentel atribuiu ao câmbio, "que vem se manifestando de forma acentuada", a razão da desaceleração. Disse que, a despeito de o Brasil continuar registrando exportações crescentes no seu todo, a situação dos manufaturados já começa a preocupar e que diversos setores, entre os quais o têxtil e confeccionados, já estão sentindo o impacto de uma valorização cambial de 28% nos últimos 12 meses e de 10% nos 5 meses de 2005.
"A leitura disso é simples", afirmou Pimentel. "Por mais que a empresa ganhe produtividade, conquiste novos mercados, como tem sido feito - as indústrias brasileiras expandiram em mais de 15% ao ano suas vendas externas nos últimos 5 anos – o baque cambial está sendo muito forte e não é compensado de uma hora para outra por nenhum tipo de medida."
O diretor-superintendente da Abit citou o caso da China, maior produtor mundial de têxteis, onde o governo mantém a moeda (yuan) desvalorizada em torno de 30%: "Nos últimos 10 anos, a China está com o yuan cotado entre US$ 8,28 e US$ 8,33 e é um país que acumula US$ 1 bilhão em reservas por dia. Já tem um estoque de reservas de US$ 650 bilhões, cresce a 8% ou 9% ao ano e sua moeda fica totalmente inalterada". Segundo Fernando Pimentel, isso é consequência de uma política definida de Estado para ganhar competitividade.
O diretor avalia que o crescimento no setor brasileiro de têxteis e confecções será mais modesto do que o ocorrido no ano passado. Reafirma que a questão cambial afeta tremendamente a capacidade de competir no curto prazo. No médio e longo prazos, diz que mais compensações tributárias que poderiam reduzir eventualmente esse impacto.