Thomaz Bastos diz que absorver crises é virtude da democracia

17/06/2005 - 17h56

Rio - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse não ver ameaça à democracia na atual crise política: "Nossas instituições são fortes, elas estão sólidas e a grande virtude da democracia é que ela consegue absorver crises como essa". Ele acrescentou que "não há possibilidade de a democracia deslizar para qualquer outro tipo de situação".

Sobre a proposta apresentada pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Veira, de criação de uma nova Constituinte, aproveitando a aproximação das eleições de 2006, o ministro disser que é "sedutora". Argumentou, contudo, que existem outras propostas: "Acredito que nós tenhamos de trabalhar dentro das regras do jogo".

Segundo o ministro, "nós levamos 20 anos para começar uma reforma do Poder Judiciário e agora vamos começar uma reforma política". Thomaz Bastos afirmou que o Congresso Nacional já fez o seu dever e "a reforma possível vai se concretizar rapidamente". Ele garantiu que até o final do ano, "com certeza", isso ocorrerá.

O ministro, que recebeu a Medalha do Mérito Industrial da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), destacou ainda a criação do Conselho Nacional de Justiça, "que vai ser o eixo de reconstrução do Poder Judiciário". Para Thomaz Bastos, "numa crise como essa que inegavelmente vivemos, vai surgir a oportunidade de se fazer uma reforma política que atinja três pontos fundamentais: a reforma do sistema eleitoral, o fortalecimento dos partidos políticos e a questão do financiamento das campanhas".

Ele lembrou que "a democracia impacienta – muitas vezes seus processos são tão lentos, demorados e sujeitos a dois passos para a frente e dois para trás, que na cabeça das pessoas começam a surgir tentações totalitárias". E comentou que "a única herança que nos veio do século 20 foi a democracia como valor universal, o único que não necessita de comprovação a respeito de suas virtudes".