Olga Bardawil
Repórter da Agência Brasil

Fortaleza - O governo quer saber quantos são e quem são os pescadores do país, para evitar recebimento indevido dos benefícios destinados apenas aos que vivem de fato da pesca. A campanha nacional para recadastramento foi lançada na manhã desta sexta-feira pelo ministro da Secretaria da Pescaesta manhã pelo ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, José Fritsch, na colônia da Praia do Mucuripe.

Ao falar para cerca de 200 pescadores reunidos na sede da Colônia, Fritsch lembrou que durante muito tempo o governo federal esteve ausente do setor pesqueiro e que a idéia, agora, é "fazer com que apenas os pescadores que vivem da atividade tenham o beneficio do setor pesqueiro".

Entre os benefícios está o pagamento de um salário mínimo aos pescadores durante o defeso, período em que eles não podem pescar para permitir a reprodução. "Com o recadastramento, vamos eliminar os falsos pescadores do quadro da estrutura nacional e incluir aqueles que são os verdadeiros pescadores e que em algum lugares não tiveram nem acesso a esse direito", disse o ministro.

Para o pescador José Carlos da Silva, mais conhecido como Camocim, presidente da Colônia de Pescadores da Lagoinha, as fraudes ocorrem dentro das próprias colônias. Com 59 anos de idade e 47 de pesca, Camocim não vacila em apontar os fraudadores: "Aqui no Ceará tem colônia de pescador que merecia até estar de porta fechada, porque cadastrou gente que trabalha em posto de gasolina, policiais, comerciantes etc, prejudicando as outras colônias que usam a honestidade. Isso, com certeza absoluta, eu sei que tem".

Pelo cálculo do escritório regional da Secretaria, o Ceará tem 5 mil pescadores que não possuem registro, mas a quantidade de pescadores falsos só será conhecida depois do recadastramento, que deve começar em duas semanas. Até lá, a Secretaria vai treinar as nove equipes de técnicos que cadastrarão os pescadores do mar e também os que trabalham nos açudes.