Christiane Peres
Da Agência Brasil
Brasília – O comandante da força de paz das Nações Unidas no Haiti (Minustah), general Augusto Heleno Pereira, disse que, a partir de agora, as ações de segurança deverão ser acompanhadas por projetos de reconstrução do país. "Tenho a alegria de ter participado da visita do secretário Roger Noriega, onde ouvi de todos os embaixadores presentes que as ações de segurança serão acompanhadas de projetos humanitários. Isso dá uma esperança grande de que se modifique a situação dentro das favelas, onde a miséria é absoluta", afirmou o general.
No início do mês, o secretário-adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, Roger Noriega, o diretor-geral para a América Latina do Ministério do Exterior da França, Daniel Parfait, e o conselheiro canadense Denis Coudere fizeram uma visita oficial de 24 horas ao Haiti. Eles se reuniram com o primeiro-ministro haitiano, Gérard Latortue, com o presidente provisório, Boniface Alexandre, e com representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) e das Nações Unidas.
Segundo o general Heleno, no encontro, Noriega afirmou que os recursos arrecadados para ajudar o país serão liberados. "Esperamos que o dinheiro que foi prometido ao Haiti seja tirado do caixa e colocado no terreno. Até agora, a gente não viu isso. Existem vários projetos e nada saiu do papel. Quem sabe agora as coisas mudam, pois a falta de uma condição mínima de vida deixa a população refém de bandidos e gangues que vivem ali, conhecem aquela favela e se valem da inexistência de infra-estrutura para impor cada vez mais sua vontade e manter essa população sob um regime de terror", afirmou.
Em julho do ano passado, foi criado o Fundo Internacional para a Reconstrução do Haiti, com a estimativa de arrecadar US$ 1 bilhão de países doadores, mas o dinheiro ainda não foi investido no país. Por esse motivo, a Espanha ameaçou retirar suas tropas do Haiti antes do fim do ano. A comunicação foi feita pelo ministro da Defesa espanhol, José Bono, ao responsável pelo Departamento de Operações de Manutenção da Paz da ONU, Jean-Marie Guéhenno, na sede do organismo em Nova Iorque. Bono apontou "a insolidariedade e o egoísmo" como causas da situação.
A Espanha é um dos 20 países que enviaram militares para a Minustah. Segundo o general Augusto Heleno, a situação já foi contornada e nenhum país retirou as tropas da missão.