Justiça condena sindicalista do Pará que ameaçou de morte gerente do Ibama

17/06/2005 - 13h19

Danielle Coimbra
Da Agência Brasil

Brasília – O sindicalista Mário Rubens de Souza Rodrigues foi condenado a cinco meses de detenção por crime de ameaça de morte contra o gerente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Marcílio Monteiro. Quem determinou a pena foi o juiz federal substituto Antônio Carlos de Almeida Campelo, da 4ª Vara, na última quarta-feira (15). Mas, por se tratar de condenação inferior a um ano, o juiz determinou que Mário Rubens prestará serviços à Fundação Verde, entidade ligada ao governo de Maringá (PR).

A denúncia contra Rodrigues surgiu, em 2003, quando ele ameaçou o gerente do Ibama, Marcílio Monteiro, porque o instituto não havia aprovado seu plano de manejo, que continha dados técnicos imprecisos a respeito de sua exploração. "Ele não agia em nome da categoria, o que agrava ainda mais a situação. Ele agia em nome próprio, mesmo sendo um representante do sindicato", disse o procurador Felício Pontes, que participou do julgamento de Rodrigues. Para o procurador, o dirigente sindical deveria "dar o exemplo" ao sindicato. "Esse tipo de prática, de achar que ele é o dono da área, que ele poderia desmatar de qualquer jeito, é uma prática coronelista, que não podemos mais aceitar na Amazônia", afirmou.

Mário Rubens de Souza Rodrigues é presidente do Sindicato dos Produtores Florestais do Estado do Pará (Sindifloresta). O presidente do Sindifloresta foi um dos delatores do suposto esquema de corrupção de compra de autorização para a derrubada e transporte de madeira ilegal no Pará. A denúncia apontou os deputados Airton Faleiro (estadual) e Zé Geraldo (federal) – ambos do PT no Pará – como intermediadores do esquema. Rodrigues, contudo, recuou a respeito das denúncias, divulgando um documento negando participação no caso.

Para o procurador Felício Pontes, não há relação entre o crime cometido por Rubens e as denúncias de corrupção no Pará. "A ameaça se consumou muito antes dessa retirada de madeira. Nem se falava nisso naquela época, então não vejo relação entre as duas coisas."