Babá aponta envolvimento de senadora em esquema de corrupção no Pará

17/06/2005 - 18h34

Danielle Coimbra
Da Agência Brasil

Brasília – O deputado federal João Batista Oliveira, conhecido como Babá (Psol-PA), afirmou que a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) também estaria envolvida em suposto esquema de corrupção de compra de autorização para a derrubada e transporte de madeira ilegal no Pará.

De acordo com Babá, ela teria recebido R$ 290 mil de madeireiros e R$ 160 mil de siderúrgicas fiscalizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em troca de deixar passar madeira ilegal pelas barreiras do instituto, então autorizado para fiscalização. Segundo a senadora, o esquema "nunca existiu", portanto, sua participação também não pode ser provada. "Minha prestação de contas está na Justiça Eleitoral para quem quiser ver", afirmou Ana Júlia.

"É claro que na prestação de contas dela não consta o valor real, ou seja, os R$ 290 mil e os outros R$ 160 mil", enfatizou Babá. Entretanto, o deputado informou que vai apresentar provas que atestam o envolvimento da senadora apenas na próxima semana.

Babá (Psol-PA) revelou esta semana o suposto esquema de exploração ilegal de madeira no Pará e disse que pedirá à Polícia Federal para investigar o caso, entregando documentos que atestam a irregularidade na concessão de autorizações para o desmatamento. O deputado do Psol acredita que as Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) fornecidas pelo Ibama são frágeis e facilitam a venda de autorizações. "O problema é que essas ATPFs são um processo de fiscalização muito débil. As formas como elas são feitas não dão segurança alguma."

Dentre suas acusações, ele apontou que Paulo Medeiros, candidato à prefeitura de Uruará; Chiquinho do PT, em Anapú; e Lenir Trevisan, atual prefeita de Medicelândia; teriam recebido propina de madeireiros, às vésperas das eleições, em troca de autorizações do Ibama para derrubar madeira ilegal e facilitar o transporte. A denúncia apontou os deputados Airton Faleiro (estadual) e Zé Geraldo (federal) – ambos do PT no Pará – como intermediadores do esquema.

O Sindicato dos Reflorestadores do Pará (Sindflorestas), a Associação das Madeireiras dos Municípios de Anapú e Pacajá e a empresa HB Lima, citados por Babá como fontes para a averiguação das denúncias, negaram em documento que teriam feito as acusações.