IBGE: ainda é pequeno o número de mulheres que fazem exames preventivos de câncer

25/05/2005 - 12h40

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Rio - O câncer do colo do útero deve atingir mais de 20 mil mulheres neste ano no Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer. No entanto, ainda é baixo o número de mulheres que fazem o exame preventivo.

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o acesso aos serviços de saúde no Brasil em 2003 divulgada hoje (25) constatou que 20% das mulheres a partir dos 25 anos de idade nunca foram submetidas ao Papanicolaou, exame preventivo de câncer de colo de útero que deve ser realizado prelo menos uma vez por ano.

A empregada doméstica Solange Pereira, de 46 anos, mãe de duas filhas, só fez o primeiro exame há dois anos e descobriu que tinha um tumor maligno. Em tratamento no Instituto Nacional do Câncer, Solange, que só estudou até a 5ª série do Ensino Fundamental, faz um alerta às mulheres para que não deixem de fazer o preventivo.

"Eu relaxei, não fiz o exame e hoje estou nesta situação. É uma barra muito pesada. Por isso, falo para minha filha e todas as mulheres que cuidem da saúde e não deixem essa doença tomar conta do corpo. É muito ruim", desabafou.

Com índices mais altos, o câncer de mama deve atingir neste ano mais de 49 mil mulheres acima dos 49 anos, segundo estimativa do Inca. A pesquisa do IBGE, no entanto, constatou que em 2003, apenas a metade (50,3%) das mulheres com 50 anos ou mais de idade se submeteram a uma mamografia. O exame clínico das mamas foi feito por 65,6% das mulheres acima dos 40 anos de idade.

"A mamografia é muito cara e nos postos de saúde não tem o aparelho para o exame. No exame de toque o médico não sentiu nenhum caroço e, por isso, pediu a mamografia, que ainda não fiz, apesar de ter quase um ano que fui no médico", relatou Maria do Socorro Trajano, de 47 anos.

Para a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, Gulnar Azevedo, a incidência do câncer do colo do útero em mulheres, principalmente de regiões mais carentes do Norte e Nordeste do país, é semelhante aos números registrados na África. "A situação é muito preocupante, porque mostra que as mulheres a partir dos 25 anos não estão entrando em nossa rede de assistência nem fazendo o exame preventivo".

A médica destacou que a dificuldade de acesso e as questões culturais são levadas em conta pelas autoridades. "Por isso, o Ministério da Saúde está investindo em ações para estimular que essas mulheres façam o preventivo e, caso seja detectado algum tumor, iniciem o tratamento o quanto antes", destacou.

A pesquisa do IBGE não investigou a proporção de homens que se submetem ao exame preventivo do câncer de próstata, apesar da alta incidência da doença, de acordo com o Inca. Depois do câncer de pele, o câncer de próstata é o que mais atinge os homens. Para este ano são estimados 46.330 novos casos.