Coréia do Sul manifesta apoio à candidatura do Brasil para Conselho de Segurança, diz Amorim

25/05/2005 - 13h29

Cecilia Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Coréia do Sul Roh Moo-Hyun manifestou apoio à candidatura brasileira a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A informação é do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que participou do encontro entre os dois chefes de Estado, em Seul, capital da Coréia do Sul.

Segundo o ministro, o governo sul-coreano é contrário à proposta de ampliação do conselho, mas, caso ela seja aprovada, o Brasil teria o apoio de Moo-Hyun. "Eles não dizem que vão favorecer uma reforma com novos membros permanentes porque eles têm problemas talvez geopolíticos regionais", disse Amorim. A primeira proposta, chamada de hipótese A, é a que mais interessa ao Brasil, cria seis novas vagas permanentes e três vagas rotativas a cada dois anos. O modelo B estabelece a criação de oito vagas rotativas a cada quatro anos – duas vagas por região – e uma nova vaga rotativa a cada dois anos.

Celso Amorim afirmou que o presidente sul-coreano se comprometeu a dar apoio ao Brasil da mesma forma que dará à Alemanha, caso a reforma seja aprovada e os países tiverem que escolher novos membros permanentes. "Nós colocamos a questão e eles disseram que dariam o mesmo tratamento que darão à Alemanha". Amorim acrescentou que Moo-Hyun fez comentários positivos sobre a atuação do governo brasileiro no cenário internacional.

O ministro destacou que o apoio do governo sul-coreano é importante não apenas por representar um voto a mais para o Brasil numa possível disputa. Segundo ele, esse fato revela que é amplo o apoio à reivindicação brasileira. "Essa atitude positiva em relação a nós mostra que não é só um ou outro país. No mundo inteiro se vê que o Brasil tem uma atuação positiva".

A proposta de ampliação do Conselho de Segurança, segundo Amorim, "não é uma ambição nacional" porque visa à democratização da instituição. "Nós temos que colocar o pé na porta e garantir que ocorra a reforma agora porque senão nós vamos continuar com os cinco membros permanentes de sempre", disse. "O Brasil está contribuindo para uma reforma que é necessária do Conselho de Segurança. Daqui a 15, 20 anos, o assento pode ser até da América do Sul quando nós tivermos uma política externa comum".

Em relação ao recuo da China em apoiar a reforma da ONU, o ministro avalia que essa também é uma questão das relações políticas locais e que não afetará a relação entre os dois países. "Nós nunca colocamos a questão da reforma do Conselho de Segurança como um condicionamento para o nosso bom relacionamento com outros países. São coisas independentes".

Amorim afirmou, no entanto, que o governo brasileiro espera apoio "daqueles países que são amigos". Ele informou que pretende conversar novamente com o ministro das Relações Exteriores da China sobre esse assunto.