Para juiz, prisão de fraudadores de concurso público ''depura uma falha comum''

23/05/2005 - 16h39

Rio, 23/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - O juiz federal William Douglas, fundador da Editora Impetus, sediada em Niterói (RJ) e especializada em concursos públicos, disse que a descoberta da fraude no concurso para a Polícia Civil e a prisão dos envolvidos revela estar havendo, no sistema, a depuração de uma falha que é comum.

"Por mais que esse tipo de notícia desanime, o fato é que a taxa de corrupção que a gente tem em concurso público é muito pequena. Se não houvesse concurso público, aí sim, nós teríamos um problema realmente sério", afirmou. E acrescentou que professores esperam com essa ação um desestímulo a novas tentativas de fraude.

Sem concurso público, reiterou, "a gente vai voltar àquela situação de nepotismo, de troca de cargos por favores políticos". Segundo William Douglas, o combate à fraude interessa ao candidato sério e falar mal das fraudes interessa às pessoas que querem acabar com o concurso público. "Seria muito conveniente que acabasse o concurso, mas para aqueles que não estão acostumados a se esforçar, a se dedicar, a estudar", afirmou.

O juiz revelou que o custo de preparação de um candidato em um concurso público varia de acordo com o cargo pretendido e o curso de habilitação, podendo chegar a R$ 15 mil no prazo de três anos. E citou como exemplos a preparação para a Polícia Militar, com mensalidades de R$ 50, e aquela para auditor fiscal, em que o pagamento mensal pode chegar a R$ 500.

Quem se dispõe a comprar uma vaga a R$ 30 mil, como ocorreu no concurso em Brasília, segundo William Douglas "não está pensando no cálculo de quanto iria gastar para passar honestamente".

O próprio juiz conta que já foi aprovado em sete concursos e reprovado em outros seis. E opina que o Brasil "está na década do concurso público, depois de muito tempo de adiamento e suspensão de contratações". Ainda segundo William Douglas, a média de idade dos servidores públicos é muito alta, o que significa que nos próximos dez anos 80% deles devem se aposentar, gerando uma expressiva quantidade de vagas.