Soldados brasileiros retornam da missão da ONU no Timor Leste

20/05/2005 - 14h37

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Timor Leste completa hoje (20) três anos de independência. Depois de encerrada parte da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país, os militares brasileiros que estavam no Timor-Leste começam a voltar para o Brasil. Sessenta e três homens do exército retornam neste domingo (22) e outros 62 na segunda-feira (23).

O tenente-coronel do Exército, Heimo André de Lima, que passou um ano no Timor Leste participando da missão de paz, considera essencial a ajuda do Brasil. "Além de uma grande experiência de vida para todos nós que participamos da missão, vi uma contribuição para a estabilidade do país, para a consolidação da democracia do Timor, para o fortalecimento das instituições e dos poderes e para a reconstrução das cidades, principalmente da capital Dili."

Para ele, a contribuição das tropas brasileiras foi significativa nas áreas de educação e saúde. "Na área médica e odontológica, o nosso país é muito respeitado pelos timorenses e pelas outras nações que integravam a missão. Toda assistência médica e odontológica nas escolas e nas localidades mais distantes onde fazíamos era muito bem recebida, especialmente a distribuição de medicamentos", contou. Segundo Heimo, os militares brasileiros também realizavam outras atividades como "recuperação de escolas, assistência aos estudantes, apoio ao tratamento de água, distribuição de alimentos, recuperação de instalações, incentivo à prática de esportes e celebração de datas festivas".

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Argimiro Procópio, ressalta que o fato da língua portuguesa ser falada no Timor Leste ajuda a aproximação entre os dois países. "É uma minoria ainda que fala a língua e existe uma política de incentivo. O Brasil tem enviado livros ao Timor, reabastecendo algumas bibliotecas. É uma forma de mostrar a presença brasileira nessa parte da Ásia", explicou. Neste mês, o governo brasileiro levou ao Timor Leste o programa de bibliotecas rurais Arca das Letras, enviando 832 títulos ao país.

"É importante que depois do processo de independência haja a solidariedade dos países que falam o português para ajudar o Timor Leste a ter um processo de desenvolvimento rápido e, principalmente, sustentável, porque a ajuda estrangeira pode acabar um dia. Essa sustentabilidade de desenvolvimento é que vai dar chances do Timor Leste continuar independente da Indonésia", disse o professor.

O Timor Leste é uma ex-colônia portuguesa e foi invadido em 1976 pela Indonésia, que anexou o país a seu território. Após um período conturbado de guerra civil, o país conquistou sua independência, em 20 de maio de 2002. Desde 1999, quando as missões da ONU chegaram ao Timor Leste, o Brasil vem ajudando os timorenses.

De acordo com a conselheira da missão brasileira da ONU, Irene Vida Gala, o Timor Leste vive em uma situação de tranqüilidade e sem riscos de novos conflitos. "Existe uma situação de segurança no pais, já há estabilidade política e não há riscos de confrontos (...). Por isso as Nações Unidas decidiram, que neste momento, o que era preciso para o Timor Leste era uma missão mais voltada para a consolidação de Estado" afirmou.

Com a nova missão, a ONU enviará ao país assessores civis que ocuparão funções essenciais na estrutura, principalmente nas áreas das finanças e do judiciário, assessores policiais que ajudarão no capacitação da polícia do país e oficiais da área de Direito Humanos.

Colaboração de Priscilla França

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