Número de vítimas de armas de fogo diminui no Rio após campanha do desarmamento, aponta pesquisa

20/05/2005 - 18h07

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Um dos maiores hospitais da América Latina, o Miguel Couto, registrou uma queda de 8% no atendimento a vítimas de armas de fogo no Rio de Janeiro, desde que o governo federal lançou a Campanha do Desarmamento, em julho do ano passado. Esse número, considerado "expressivo" pela direção da clínica, ainda é inferior a redução média dos hospitais cariocas.

Uma pesquisa dos ministérios da Saúde e da Justiça revela que o número de internações de vítimas de armas de fogo no Sistema Único de Saúde (SUS) do Rio diminuiu em 10,5% no período.

O estudo comparou as internações nos sete meses anteriores à campanha e nos sete após, em todos os hospitais públicos do país. No entanto, somente os resultados de Rio de Janeiro e São Paulo estão concluídos. Os dados relativos aos outros estados deverão ser divulgados no próximo mês.

Um dado curioso da pesquisa é a relação entre a arrecadação de armas e a redução de acidentes. No Rio, onde a queda de internações foi superior a 10%, foram recolhidas 193.2 armas por cada 100 mil habitantes. Já em São Paulo, a arrecadação chegou a 188.8 armas para mesma quantidade de pessoas. Porém, a diminuição de acidentes foi de 7%.

O estudo revela, também, que os incidentes com arma de fogo são mais comuns em São Paulo. Nos últimos três anos, o estado registrou 18.462 casos. Já no Rio de Janeiro, o resultado é três vezes menor (5.784).

Os homens estão entre os mais atingidos: representam cerca de 90% das ocorrências. A maior parte deles tem idade entre 15 e 39 anos. De acordo com o chefe do Serviço Nacional de Armas de Fogo da Polícia Federal, Fernando Segovia, esse perfil deve ser o mesmo em todos os estados brasileiros.

Segovia explica que a campanha do desarmamento tem uma relação direta com a queda de acidentes. "Ao tirar a arma do cidadão de bem, a gente diminui a potencialidade dele – e assim não cometer um erro na sua vida", argumenta.

Os motivos das internações não estão explícitos na estatística. Ou seja, não é possível determinar o número de acidentes domésticos – aquele em que o filho pega a arma dos pais e provoca um acidente, por exemplo – ou dados sobre legítima defesa em caso de assaltos.

Desde o início da campanha mais de 300 mil armas foram recolhidas. Ou seja, 220 mil a mais do que a previsão inicial. A expectativa do ministério da Justiça é de 400 mil armas até o fim da campanha, no próximo mês.