João Paulo, do MST, rejeita acusação de venda de terras por assentados

18/05/2005 - 23h23

Brasília, 18/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - O representante da direção nacional dos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues rejeitou a acusação de que os assentados estariam vendendo as terras concedidas para reforma agrária ou que as áreas estaria se transformando em favelas rurais.

Durante o programa Diálogo Brasil, exibido em rede pública de televisão e gerado pela TV Nacional em Brasília, ele afirmou que "de modo geral os nossos assentamentos estão produzindo principalmente para subsistência". E acrescentou: "Há melhoria na condição de vida das famílias, mas também há estados com ausência de políticas públicas, mas não é verdadeira a tese das favelas rurais ou a acusação de que famílias vendam os terrenos".

Os assentamentos, lembrou, não são apenas uma área destinada à produção agrícola, mas também um ambiente que proporciona condições de sobrevivências aos assentados. "Os assentamentos conseguem resolver três itens básicos para o ser humano: a alimentação, a moradia e o trabalho"

No estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, o professor Sérgio Leite, da Universidade Federal Rural, participou do programa informando que um estudo desenvolvido pela universidade comprovou que os assentamentos dinamizaram a economia de diversas áreas que estavam em crise, como a cidade de Canavieiras na Bahia. "A pesquisa revelou que cada lote assentado tem potencial de gerar três postos de trabalho; e que o assentamento de 400 mil famílias geraria 1,2 milhão de empregos, o que representaria 12% da meta do programa de governo divulgado ainda durante a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Para Leite, "os assentamentos são um forte potencial de geração de renda e de emprego".

Também no estúdio da TV Nacional em Brasília, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, disse que "a propriedade tem que cumprir a sua função social". E que a execução da reforma agrária é determinação do presidente Lula. Segundo Hackbart, o 2º Plano Nacional de Reforma Agrária tem três prioridades: a obtenção de terras e o assentamento das famílias; a recuperação desses imóveis; e o recadastramento de todos os imóveis rurais do país.

De acordo com João Paulo Rodrigues, atualmente 120 mil famílias estão em acampamentos do MST aguardando a reforma agrária. Entre as propostas do movimento ao governo está o assentamento de 1 milhão famílias, o que segundo ele geraria 3 milhões de empregos diretos.