Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A exploração sexual infanto-juvenil atinge 937 cidades, de acordo com estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A pesquisa, divulgada em janeiro, foi feita pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).
Destas cidades, 21 estão no Paraná. Entre elas, Foz do Iguaçu que se encontra em uma área delicada, pois está em uma região de Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). Dados da Rede de Combate à Exploração Sexual Comercial Infanto-Juvenil - composta por 40 entidades dos três países -, que atua na prevenção, atendimento e encaminhamento das vítimas, apontam que cerca de mil crianças e adolescentes são explorados na região.
Para combater o crime, o Paraná criou um Plano de Ação contra Violência contra crianças e adolescentes. De acordo com o secretário nacional de Segurança Pública do estado, Luiz Fernando Delazari, o estado é o primeiro do país a sistematizar um plano com este molde. "Temos como política de governo combater o crime", afirmou.
Um dos instrumentos de enfrentamento ao problema é a criação de Núcleos de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Exploração Sexual e Maus Tratos (Nucria). Desde maio, existe um núcleo em Curitiba e no final de 2004 foi criada uma unidade em Foz do Iguaçu. Em quatro meses foram atendidos mais de 54 casos, sendo que o número de ocorrências pode ser 20 vezes maior, disse Delazari. "Precisamos estreitar os mecanismos de comunicação entre diversos órgãos para consolidar o enfrentamento ao crime". O Nucria está ligado hoje ao sistema de saúde e delegacias policiais.
O núcleo contribui para o auxílio psicossocial e jurídico às vítimas e suas famílias e promove
trabalhos educacionais. A idéia é atingir todas as camada da sociedade. Além disso, a Secretaria de Segurança Pública contratou delegados, escrivães e investigadores para operacionalizar as investigações e dar apoio à unidades policiais de outros municípios. Segundo Delazario, o núcleo recebe casos de "brutalidade assustadora" contra crianças e adolescentes. Muitos são decorrentes de violência familiar, difíceis de serem denunciados.
Para construir o Nucria, o estado contou com apoio da Itaipu Binacional, que doou a casa e equipamentos, como informou a diretora financeira da empresa, Gleice Hoffmann. "O núcleo dá visibilidade, dá condições de fazer a denúncia e dá atenção a algo que é tão presente", afirmou. A Itaipu aderiu à Rede de Combate à Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes em 2003, quando começou a participar de reuniões para se inteirar sobre a forma de contribuir
para os trabalhos de enfrentamento a essa modalidade de crime. "Temos um problema muito grave na fronteira que é de violência que atinge principalmente adolescentes e muitas crianças", afirmou.
Hoje, Foz do Iguaçu lembra do Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes com uma séria de atividades pedagógicas promovidas pela Itaipu Binacional em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR). São 17 oficinas para trabalhar a
auto-estima dos participantes utilizando técnicas circenses, de teatro, música e dança. Aproximadamente 800 crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos devem participar do evento.