Reajuste de 17,93% da eletricidade poderá ser repassado aos preços dos produtos em SP, diz Fiesp

12/04/2005 - 16h58

Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - As indústrias do interior do estado de São Paulo deverão repassar parte dos custos do reajuste médio de 17,93% de energia elétrica para os preços de seus produtos porque as margens de lucro já estão muito estreitas. Na avaliação do vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e diretor do Departamento de infra-estrutura da entidade, Saturnino Sérgio da Silva, a elevação da tarifa é mais um gargalo que pressiona custos e reduz competitividade, como acontece com logística e transporte

"Ou você perde competitividade aumentando preço, ou diminui sua margem (de lucro). E o setor, com essa margem estreita, não consegue absorver o impacto de aumento de custo em um insumo básico como energia elétrica", disse.

Ele considera o reajuste elevado, mas avalia como corretos os critérios aplicados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para recomposição de preços. "Estamos vivendo um momento de transição no sistema energético brasileiro. Também não podemos ficar dependentes de um possível apagão. Se nós não temos tarifas adequadas, não remuneramos os investimentos dos geradores e nós não vamos ter energia. Isso também não é desejável", ressaltou o vice-presidente da Fiesp.

A Aeel autorizou o aumento do preço de energia para quatro distribuidoras, entre elas a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que atende a 234 municípios do interior paulista e 3,09 milhões de unidades consumidoras. O reajuste médio em vigor desde a última sexta-feira (8) é de 3,42% para residências e de 17,93% para indústrias.

De acordo com Sérgio da Silva, 80% das indústrias do interior de São Paulo serão alcançadas pelo reajuste. As empresas de consumo elevado de eletricidade, setor chamado de eletrointensivo (cimento, ferro-gusa, ferro-ligas e metais não-ferrosos – em especial alumínio – papel e celulose), que representam 15%, tem acesso a compra de energia no mercado livre, no qual negociam descontos.