Convênio prevê nova ferramenta de diagnóstico precoce de hanseníase

12/04/2005 - 20h04

Rio, 12/4/2005 (Agência Brasil - ABr) - Um convênio entre o Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a Universidade do Estado de São Paulo (USP) vai viabilizar a implantação do Projeto de Telemedicina, uma nova ferramenta de diagnóstico precoce da hanseníase.

Um dos principais temas debatidos nesta terça-feira, último dia da Reunião Trimestral Macrorregional Centro-Sul de Avaliação do Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase, o projeto deverá estar implantado em todo o pais até o final de 2006, com recursos de R$ 86 mil do Ministério da Saúde, e reduzirá a incidência da doença, dos casos de incapacidade e das seqüelas.

As informações são da coordenadora do Programa, Rosa Castalia, acrescentando que o projeto consiste na utilização da tecnologia virtual para criar mecanismos de treinamento de profissionais da área de saúde nas técnicas de combate à doença.

Atualmente, há 1,7 caso de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes no País e a meta é reduzir a prevalência para um caso, até o final do ano. Desde 2000, surgiram em média 40 mil novos casos da doença a cada ano – em 3 mil deles, os pacientes já apresentavam deformidades físicas. Outro sinal de diagnóstico tardio é que 3,8% dos contaminados têm menos de 15 anos e, provavelmente, contraíram a doença de algum adulto. Até o dia 15 de janeiro, 30.693 casos de hanseníase estavam sendo tratados no país. A maioria deles (41%) está na Amazônia Legal. Maranhão, Pará e Mato Grosso são os três estados com maior número de contaminados.

Na avaliação da coordenadora, sem o engajamento de todas as esferas de governo não será possível atingir a meta estabelecida para este ano: "Hoje, apenas 27% dos centros de saúde do país possuem diagnóstico e tratamento adequado para a hanseníase. Com o Sistema Único de Saúde (SUS), é fundamental que estados e municípios assumam as ações de diagnóstico e tratamento da doença."

No encontro também foram discutidas fórmulas para melhorar o monitoramento das ações contra a doença, a fim de avaliar resultados, identificar necessidades e propor novas atividades que garantam a continuidade do programa de combate à hanseníase.

Segundo a coordenadora do programa, as principais dificuldades para o controle da doença são a centralização, o preconceito e a desinformação. Sobre o índice de incidência da hanseníase em crianças de até 14 anos – cerca de 3 mil casos por ano em média nos últimos cinco anos –, Rosa Castalia lamentou: "Um país que já eliminou a poliomielite, o sarampo, não pode permitir que suas crianças adoeçam por hanseníase."

A hanseníase é uma doença causada pelo micróbio Mycobacterium leprae (Bacilo de Hansen), que ataca a pele e os nervos, principalmente dos braços e das pernas. Embora tenha cura, a doença precisa ser descoberta precocemente e tratada de maneira adequada para que não deixe seqüelas. Qualquer mancha clara e com perda de sensibilidade na pele deve ser considerada
suspeita de hanseníase e o portador deverá ser encaminhado imediatamente para uma unidade de saúde publica, alerta o Ministério da Saúde.

Somente neste ano serão investidos R$ 13,2 milhões no programa de combate à hanseníase, que tem como principal estratégia integrar as ações de diagnóstico e tratamento da doença na atenção básica. No ano passado, foram treinados agentes comunitários e do programa Saúde da Família para diagnóstico e tratamento. O número de equipes treinadas cresceu 118%, passando de 2.880 em dezembro de 2003 para 6.274 em agosto de 2004. No mesmo período, o número de unidades de saúde que atendem pacientes com hanseníase subiu apenas 23%, passando de 9.315 para 11.207.