Amorim quer que fim dos subsídios americanos ao algodão beneficie também países africanos

04/03/2005 - 12h44

Juliana Cézar Nunes
Enviada especial

Mombassa (Quênia) - No primeiro dia de visita ao Quênia, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, participou do encerramento de uma reunião mini-ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Representantes de 35 países estiveram no encontro, realizado em uma vila litorânea chamada Ukunga, na cidade de Mombassa, a segunda maior do país depois da capital Nairobi. Ministros dos países em desenvolvimento reivindicaram prazos para a definição de fórmulas matemáticas que facilitem a exportação de produtos agrícolas e industriais.

A confirmação da vitória brasileira na OMC em relação ao algodão foi um dos assuntos mais discutidos e festejados no encontro. "Nás acompanhamos toda essa disputa. Estamos muito feleizes com o resultado", disse o embaixador do Benin na organização, Samuel Amehou. De acordo com ele, na África cerca de 15 milhões de pessoas vivem da produção de algodão.

O chanceler Celso Amorim espera que o fim dos subsídios norte-americanos entre em vigor logo e que também beneficie os países africanos que exportam algodão. "Para que países como o Senegal, Benin e Mali também sejam beneficiados, é preciso que a medida seja logo implementada", defendeu Amorim.

O representante dos Estados Unidos na OMC, Peter Allgeier, afirmou que o país levará a sério suas obrigações com a organização. "Estamos, no entanto, analisando os impactos que essa medida pode trazer e verificando os próximos passos", acrescentou Allgeier.

Durante os três dias do encontro, cerca de 48 pessoas foram presas, a maior parte delas de organizações não-governamentais (ONGs) quenianas que reivindicavam o direito de incluir alguns temas na pauta de discussões. "Não era nossa intenção impedir que o encontro acontecesse, mas queríamos colocar no centro do debate assuntos como a redução do preços dos remédios e das tarifas impostas aos produtores africanos", disse Peter Aoga, representante de uma ong da área de meio ambiente, a Econews África.

O local onde é realizado o encontro da OMC fica na Vila de Ukunga, na cidade de Mombassa, banhada pelo Oceano Índico. A região, que um dia foi ponto estratégico para colonizadores e comerciantes de escravos, hoje recebe turistas do mundo inteiro, principalmente da Europa. A economia local é baseada no turismo e no artesanato, que se destaca pelos colares de miçanga e a produção de máscaras de madeira.