Vulnerabilidade da economia nacional é cada vez menor, diz Henrique Meirelles

14/02/2005 - 15h58

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A diminuição da vulnerabilidade da economia nacional já é uma realidade e contribui para o crescimento do país. Essa foi a mensagem deixada hoje pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, no seminário "Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2005", promovido pelo Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Globo .

Meirelles mostrou que não se trata apenas do crescimento das exportações ou da diminuição da dívida pública. "O conjunto (de fatores) como um todo mostra uma grande redução da vulnerabilidade da economia brasileira", assegurou.

No final da década de 90, existia o consenso de que países em desenvolvimento, os chamados países emergentes, tinham que absorver poupança externa para crescer. Isso significava que era razoável que os países tivessem um grande percentual do seu PIB como déficit em conta corrente. O Brasil chegou a ter quase 6% do PIB como déficit em conta corrente. "Tudo isto é muito bom, desde que existam mercados dispostos a financiar esse déficit", afirmou Meirelles. Ele explicou que a história mostrou que esses déficits, inclusive do Brasil, não eram financiáveis de forma consistente nos mercados. Esse era um dos fatores mais importantes na limitação do crescimento da economia nacional, argumentou.

Meirelles lembrou que o Brasil, entre 1990 e 2003, cresceu em média 1,8% ao ano, muito abaixo de seu potencial, como os dados mostram, porque as vulnerabilidades impediam o crescimento da economia. Também o crescimento da dívida pública como ocorria àquela época era um fator inibidor do aumento da economia.

O presidente do BC disse que esse paradigma começou a ser quebrado pelos países asiáticos quando iniciaram seu crescimento com superávit em conta corrente, se financiando por meio dos ganhos das exportações e não por intermédio de investimentos de capital, em especial capital financeiro. O Brasil fez esse ajuste, deixando claro que a magnitude do déficit em conta corrente em que estava incorrendo no passado não é sustentável.

Ele disse ainda que um dado importante no país é que a balança comercial é o grande indutor do resultado cada vez mais positivo da conta corrente. Lembrou a trajetória forte e consistente das exportações que atingiram em dezembro de 2004 um total de US$ 96,5 bilhões. Isso evidencia, segundo analisou, "uma adaptação importante da economia brasileira a uma nova necessidade de crescimento competitivo, com possibilidades concretas de aumento da nossa fatia de mercado no comércio internacional, revertendo uma tendência que o país traçava já há mais de uma década".

Outro fato que Meirelles aponta na direção da diminuição das vulnerabilidades são as reservas internacionais totais que em 2004 alcançaram US$ 52,9 bilhões, a partir de um movimento conjugado do Tesouro e das compras de reservas por parte do BC, além das captações externas.

Meirelles destacou também o crescimento negativo de alguns índices de vulnerabilidade, como o pagamento de juros externos sobre as exportações numa trajetória crescente, que já começou a ser revertido. Em 2004, 35% do total das exportações anuais brasileiras eram usados para pagamento dos juros e hoje o patamar já caiu para 15% das exportações.