Sindicato dos aeronautas pede ''intervenção'' federal na Vasp

14/02/2005 - 19h07

Brasília, 14/2/2005 (Agência Brasil - ABr) - A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, pediu hoje ao presidente da República em exercício, José Alencar, "intervenção" por parte do governo federal na Viação Aérea São Paulo (Vasp). Segundo ela, a "intervenção" poderia facilitar a retomada da credibilidade da empresa com investidores. "Se o governo não intervier na Vasp, a empresa não terá a possibilidade de criar um comitê de credores que esteja disposto a alavancá-la, como prevê a nova Lei de Falências, em função da falta de credibilidade dos administradores da empresa no país", defendeu.

Graziella Baggio informou que a reunião com José Alencar "não teve muito êxito", pois o governo não está disposto a intervir na Vasp. "Alencar disse que o governo não pode intervir porque este é um processo de empresas". Ela lamentou a atitude do governo: "Se o governo não fizer a intervenção, vai correr o risco de tomar uma ação por omissão. Viemos apenas alertar o governo para o cumprimento da lei."

O presidente da República em exercício, ainda de acordo com Graziella Baggio, deixou claro que a Lei da Falências, sancionada pelo presidente Lula na semana passada, será o melhor caminho para tentar solucionar o problema da Vasp. A lei prevê que as empresas em dificuldades financeiras terão a chance de negociar as dívidas. Mas, para isso, é necessário que elas apresentem um plano de recuperação em um prazo de 180 dias.

Nesse período, será criado um comitê de recuperação, formado por trabalhadores, credores e controladores da empresa. O comitê tem poderes de vender e leiloar bens para garantir a recuperação da empresa. Antes, as empresas em dificuldades entravam em concordata, mas só podiam renegociar os débitos com o Fisco, e não com outros credores.

Durante o encontro, a sindicalista também pediu esforço por parte do governo para negociar com as outras empresas aéreas a contratação de funcionários da Vasp que, segundo ela, "estão abandonados à própria sorte". Quanto a isso, acrescentou, "Alencar se comprometeu a conversar com os presidentes das empresas para tentar garantir que esses trabalhadores sejam aproveitados".

O diretor do Departamento de Aviação Civil (DAC), brigadeiro Jorge Godinho, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, também participaram da reunião no Palácio do Planalto.