Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O candidato oficial do PT à Presidência da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), prometeu que, se for eleito, irá atuar para que haja independência e harmonia dos poderes como prega a Constituição. Mesmo tendo sido indicado como representante da base aliada do governo, Greenhalgh criticou o execesso de matérias do Poder Executivo apreciadas pela Câmara no ano passado.
"Acho que o parlamento não pode ser sufocado, como está sendo. Em 2004, foram aprovados apenas 17 projetos de iniciativa parlamentar. Não podemos ter 85% da pauta do Executivo para
afogar a iniciativa dos parlamentares. Temos que ser mais exigentes ao fazer a pauta do Legislativo", afirmou o deputado.
Ele respondeu às críticas do candidato Jair Bolsonaro (PFL-RJ), que o acusou de ser advogado de torturadores e seqüestradores e de entidades como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). "Ouvi resistências ao meu nome em função da minha profissão de advogado. Defendi presos políticos, a anistia, quando milhares de pessoas estavam banidas no exterior. Eu não sou um advogado de casos, mas de causas, e a minha próxima causa será defender o parlamento brasileiro", enfatizou.
O deputado reconheceu que houve resistências à sua indicação para o cargo. "É uma grande honra ter sido indicado como candidato do meu partido. No primeiro momento, vi resistências ao meu nome. Quero dizer que, nesses 50 dias de campanha, procurei conhecer, entender e ouvir os clamores desta Casa, que são os meus clamores. Muitas vezes, ouvimos dessa tribuna frases que chocam, que magoam, mas não retiram em mim a crença no parlamento, que vai ser um
dos construtores da democracia nesse país", afirmou.
Greenhalgh prestou uma homenagem ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e prometeu seguir seus passos na administação. "O rumo da minha gestão está traçado, e quem traçou foi o deputado João Paulo", disse ele. No fim do discurso, Greenhalgh evocou o poeta português Fernando Pessoa, ao dizer que "tudo vale a pena, se a alma não é pequena". E encerrou sua fala afirmando: "Vamos à vitória, até o fim".