Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A indústria de máquinas agrícolas, que alcançou em 2004 recordes de exportação e o melhor desempenho em faturamento dos últimos nove anos, se sente ameaçada com o aumento do custo do aço, sua principal matéria-prima.
O preço da mercadoria subiu 100% apenas no ano passado. Em janeiro deste ano, o aço já acumulava um reajuste de 15%, segundo a Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O repasse dos custos é considerado inevitável e provocará reflexos tanto nas exportações quanto nas vendas internas. Dados da Abimaq indicam que o aço representa 17% do custo médio de produção do setor.
Além do prejuízo com o insumo,a valorização cambial do Real é outra preocupação da indústria. O presidente da abimaq, Newton de Mello, defende que o governo interfira no câmbio para mantê-lo favorável às exportações. Segundo ele, o dólar mais barato também prejudica o mercado interno de máquinas e equipamentos, uma vez que os empresários irão preferir importar produtos e peças com preço mais em conta do que comprar máquinas para produzí-las. "As empresas podem ficar com máquinas ociosas", observou.
Para Mello, o desempenho no primeiro semestre deve permanecer estável na comparação com o ano passado. Mas ele acredita também que uma valorização cambial continuada no segundo semestre poderá gerar queda de até 20% nas exportações. "Não há quem suporte uma flutuação dessas de R$ 3,20, para R$ 2,60", destacou. O setor bateu recorde de exportações no ano passado, quando as vendas externas somaram US$ 6,841 bilhões, alta de 38,5% sobre o resultado de 2003.